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Archive for Junho, 2010

RDA e Chile empataram a uma bola no Mundial 74

A qualificação para o Mundial 1974, que se disputaria na República Federal da Alemanha, teve um playoff de apuramento intercontinental que colocava, frente a frente, as selecções do Chile e da União Soviética. No primeiro jogo, a 26 de Setembro de 1973, em Moscovo, o resultado saldou-se num empate e, assim, a 21 de Novembro, iria disputar-se em Santiago do Chile, o jogo decisivo para o último passaporte para o campeonato do mundo. Contudo, ao mesmo tempo, o Chile havia vivido um golpe de estado patrocinado pelos EUA, que fez com que Pinochet derrubasse o socialista e legitimamente eleito: Salvador Allende. Em plena guerra fria, ninguém acreditaria que os soviéticos não aproveitassem o momento para um protesto político e, de facto, foi o que fizeram…

O Chile chegava a este playoff após ter superado um grupo com as selecções do Peru e da Venezuela. Como havia sido o vencedor de grupo com pior performance (atrás de Argentina e Uruguai), seria obrigado a superar a selecção com registo identico, mas do continente europeu: URSS (superou a França e a Rep. Irlanda para chegar a este jogo decisivo).

Poucos dias antes do primeiro jogo (a disputar em Moscovo), no dia 11 de Setembro de 1973, o Chile viveu um golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet e com o total apoio dos Estados Unidos. Essa acção militar derrubou o socialista e democraticamente eleito: Salvador Allende, sendo que grande parte dos partidários e apoiantes de Allende foram detidos, torturados e, até, executados no Estádio Nacional de Santiago do Chile.

Após o primeiro jogo disputado na URSS e que terminou com um nulo, os soviéticos afirmaram que não pretendiam viajar para Santiago do Chile e, muito menos, jogar num “Estádio da Morte” que havia sido palco de atrocidades contra partidários socialistas. Em plena guerra fria, era uma decisão lógica de protesto contra a intervenção norte-americana num país de governo socialista e pró-soviético.

Assim sendo, na segunda mão, disputada a 21 de Novembro de 1973, os soviéticos cumpriram a promessa e não compareceram ao jogo. Devido a isso, o Chile iria apurar-se, automáticamente, devido a falta de comparência, no entanto, os sul-americanos não deixaram de fazer uma encenação que demonstrasse a sua superioridade sobre os soviéticos.

No dia do desafio, os chilenos entraram mesmo em campo e, perante milhares de espectadores, alguns jogadores sul-americanos deram um pontapé de saída e avançaram por um meio campo deserto para fazerem um golo simbólico que foi seguido de um pseudo apito final.

O Chile avançava para o Mundial da RFA, onde foi eliminado logo na primeira fase, pois na fase de grupos, apenas empatou com a Alemanha Oriental (1-1) e Austrália (0-0), perdendo com a Alemanha Ocidental (0-1). Nesse campeonato do mundo, todos os seus jogos ficaram marcados por protestos contra o regime, exibidos nas bancadas por exilados políticos.

Os soviéticos, esses, já tinham feito o seu protesto, não aparecendo ao jogo da segunda mão e permitindo que, assim, se disputasse um jogo fantasma naquele que ficou conhecido com o Estádio da Morte…

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Monumento à “Guerra do Futebol” nas Honduras

Estávamos em Junho de 1969 e El Salvador e as Honduras disputavam uma eliminatória de tudo ou nada na zona de apuramento da CONCACAF para o México 1970. As Honduras venceram o primeiro jogo (1-0), enquanto os salvadorenhos venceram o segundo (3-0) e o desempate (1-0) na cidade do México. Durante todos os encontros, houve confrontos graves, principalmente na partida em El Salvador, confrontos que derivavam de problemas já antigos que geraram perseguições, expulsões e, imagine-se, uma guerra, que ficaria conhecida para sempre como: “A Guerra do Futebol”.

Com o México automaticamente apurado como país organizador do Mundial 1970, abria-se uma vaga para uma selecção de segunda linha da CONCACAF.  Honduras, El Salvador, Haiti e EUA superaram a primeira fase e apuraram-se para as meias finais que designou os seguintes jogos: EUA vs Haiti e El Salvador vs Guatemala.

Naquela altura, El Salvador e as Honduras tinham bastantes e graves problemas sociais e etnicos, pois os salvadorenhos, apesar de terem o dobro da população das Honduras, tinham um país cinco vezes mais pequeno que os hondurenhos e, assim, criaram uma grande vaga de emigração para as Honduras em busca de terrenos agícolas onde pudessem trabalhar.

Nessa época, os terrenos agrícolas hondurenhos eram, na sua quase totalidade, controlados por grandes latifundiários e por grandes empresas internacionais. Cansados dessa situação, os hondurenhos fizeram uma reforma agríciola que protegia o agricultor local e começou a desapropriar os salvadorenhos que trabalhavam nas Honduras. Essa situação tornou-se mais fácil, pois a maior parte dos emigrantes de El Salvador estavam nas Honduras de forma ilegal e a trabalharem terrenos que não lhes pertenciam.

Esta situação era muito delicada e, na verdade, apenas precisava de um rastilho para despoletar algo de muito grave. Um jogo de futebol, ainda para mais de apuramento para um Mundial, tornava-se a desculpa perfeita.

A primeira partida, disputada nas Honduras, foi vencida pela equipa local (1-0) e, a segunda, jogada em El Salvador, foi vencida pelos salvadorenhos (3-0). Em ambos os jogos, houve confrontos graves entre pessoas das duas nacionalidades, além de perseguições de hondurenhos em El Salvador e, principalmente, de salvadorenhos nas Honduras.

O desempate (na altura o que contavam eram as vitórias e não as margens de golo das mesmas) disputou-se no México e foi ganho por El Salvador (1-0), que assim iria avançar para jogar a final com o Haiti, mas, naquela altura, pouco interessou, pois todos já esperavam algo de muito grave.

A prova de que esse medo tinha razão de ser foi uma guerra, que se iniciou no mês seguinte aos jogos de apuramento, ou seja em Julho (dia 14 para sermos mais exactos). Os salvadorenhos invadiram e controlaram territorio hondurenho, até que, no dia 20 de Julho, foi decretado o cessar fogo, ainda que os militares de El Salvador só tenham começado a abandonar as Honduras nos primeiros dias de Agosto. Morreram 3000 (900 salvadorenhos e 2100 hondurenhos) no decurso da “Guerra do Futebol”.

Em Setembro, a selecção de El Salvador disputou mesmo a eliminatória com o Haiti e venceu-a (2-1, 0-3 e 1-0), apurando-se para um Mundial de má memória, pelos jogos de apuramento terem ajudado a gerar a “Guerra do Futebol” e, também, porque, no Mundial própriamente dito, os salvadorenhos foram eliminados logo na primeira fase devido às derrotas com Bélgica (0-3), México (0-4) e União Soviética (0-2).

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Tacticamente rigoroso e competente

A chamada de Ricardo Costa foi uma surpresa na convocatória para o mundial da África do Sul e, à partida, o seu espaço na equipa seria reduzido. Apesar de alguma dificuldade em ser imprescindível nos clubes por onde passa, conta com uma carreira recheada de títulos e experiência em equipas vencedoras.

Começou por jogar nas camadas jovens do Boavista, mas transferiu-se para o FC Porto ainda nos escalões de formação. A sua incursão no futebol sénior começou por uma passagem pela equipa B do FC Porto, onde defendeu a camisola azul e branca, na Segunda Divisão B, nas temporadas 1999/00 e 2000/01. Integrou o plantel principal na temporada 2001/02, actuando simultaneamente na equipa B. Mas, foi em 2002/03, pela mão de José Mourinho, que começou a conhecer o sabor da vitória, fazendo parte da magnífica equipa que conquistou dois campeonatos nacionais, uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões e uma Taça de Portugal. Continuou no clube portista e voltou a conquistar títulos (uma Taça Intercontinental, um campeonato nacional e uma Taça de Portugal), mas apesar de fazer parte do plantel até 2007, nunca se impôs como uma peça fundamental na equipa, acabando por rumar ao estrangeiro para jogar no Wolfsburg (2007/08). Na Alemanha, jogou duas temporadas e meia voltou a conhecer a vitória com a conquista do campeonato na época 2008/09, transferindo-se para o Lille a meio da temporada transacta e ajudando o clube francês a alcançar o 4º lugar na liga francesa. Na próxima época irá jogar no Valência de Espanha.

Fez o percurso das camadas jovens somando 23 internaticonalizações sub-21 e marcando presença na equipa olímpica que disputou os Jogos Olímpicos de Atenas (2004). Na selecção principal, estreou-se em 2005 e fez parte das escolhas de Scolari para o Mundial 2006, na Alemanha. Quatro anos depois, volta a marcar presença numa campeonato do mundo e já deu o seu contributo à equipa, no empate frente ao Brasil.

Ricardo Costa não é um central alto (1,83m), nem é especialmente rápido ou tecnicamente dotado. O seu estilo é o de um central duro e de marcação. A sua polivalência, fruto de uma boa capacidade táctica, é uma das suas maiores mais valias no apoio à equipa, podendo, sempre que necessário, desempenhar qualquer posição na defesa – seja como central ou como um lateral mais defensivo que fecha o corredor, como o vimos actuar algumas vezes. Frente ao Brasil jogou fora da sua posição habitual e apesar de sentir dificuldades em alguns lances, contribuiu para a consistência defensiva que a equipa demostrou.

Quando olhamos para os vinte e três escolhidos por Queirós, Ricardo Costa poderá aparentar ser apenas uma opção de recurso, mas a sua experiência e polivalência poderão ser importantes para a consistência da equipa.

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Rolando Portugal

Rolando, uma alternativa para o centro da defesa

Rolando Jorge Pires da Fonseca, conhecido simplesmente por Rolando, é um central de 24 anos que actua no FC Porto. Apesar de ser presença regular nas convocatórias de Carlos Queirós, o seu espaço na equipa é reduzido e a sua utilização passará por circunstâncias muito especiais.

Rolando começou nas camadas jovens do S.C. Campomaiorense, mas chegou ao Belenenses antes de completar a sua formação. Na equipa do Restelo, estreou-se na primeira divisão na temporada 2004/05, onde jogou os 30 jogos da liga, ajudando a equipa a chegar ao 8º lugar. Durante quatro épocas jogou em Belém, como titular até se transferir para o FC Porto (2008/09), com o objectivo de ser o substituto de Pepe. Agarrou de imediato a titularidade, onde, à dois anos, joga com regularidade.

Rolando é um central alto (1,89m) e rápido, jogando bem na antecipação e fazendo exibições regulares. No entanto, peca por ser um defesa demasiado “mole” e com um fraco sentido posicional, acabando por ser demasiado passivo em alguns lances. A sua utilidade passa por jogar ao lado de um defesa duro e forte na marcação, como acontece no FC Porto, onde faz dupla com Bruno Alves.

Na selecção, conta com menos de dez jogos, mas muitas presenças em convocatórias, o que dá a entender que para Queirós, Rolando pode ser uma aposta de futuro. No entanto, a sua utilidade neste mundial acabará por estar reduzida à necessidade de povoar a grande área na defesa de um resultado, ou na eventualidade de dois dos seus colegas que jogam centro da defesa estiverem indisponíveis.

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Era uma selecção sublime, aquele Brasil que venceu o Mundial 1970 disputado no México. Jogadores como Pelé, Jairzinho, Rivelino ou Tostão deram um espectáculo de magia, alegria e criatividade, explanado num futebol ofensivo que permitiu aos canarinhos vencerem todos os seis jogos que disputaram e marcarem 19 golos. Um exemplo do poderio brasileiro foi a forma como venceram a final: 4-1 à Itália, num jogo dominado totalmente pela equipa de Pelé. Este foi também o primeiro campeonato do mundo com substituições (duas na altura) e com cartões…

Primeira Fase

Tal como no Chile 1962 e no Inglaterra 1966, a primeira fase foi composta por quatro grupos  de quatro equipas, passando os dois primeiros de cada grupo para os quartos de final. Este foi, no entanto, o primeiro campeonato do mundo com substituições e, também, com cartões, uma ideia do Árbitro Ken Aston após parar nos semáforos de uma rua de Londres e pensar que os sinais amarelo e vermelho podiam ser uma forma de parar a violência. Outra estreia neste campeonato do mundo foi o facto da Adidas ter-se encarregado, pela primeira vez, da bola do Mundial. A estreia aconteceu com a Telstar, uma bola branca com hexágonos pretos.

No Grupo A, México e URSS, não deram hipóteses a Bélgica e El Salvador, pois após empatarem entre si (0-0), aztecas (1-0 à Bélgica e 4-0 a El Salvador) e soviéticos (4-1 à Bélgica e 2-0 a El Salvador) venceram os seus adversários e apuraram-se facilmente para os oitavos de final. Destaque, também, para o facto do soviético Byshovets ter sido o primeiro atleta a ver um cartão amarelo num campeonato do mundo.

Mais equilibrado foi o Grupo B, composto por Itália, Uruguai, Suécia e Israel. Neste agrupamento, apuraram-se a Itália (1ª), que venceu a Suécia (1-0), empatando com Uruguai (0-0) e Israel (0-0) e o Uruguai, que além do empate com os italianos, venceu Israel (2-0) e perdeu com a Suécia (0-1). Os suecos, mesmo vencendo os uruguaios, acabaram eliminados, pois apesar de terem terminado com os mesmos pontos dos celestes, tiveram pior “goal-average”.

Por outro lado, o Grupo C foi um autêntico passeio para o Brasil, que venceu Checoslováquia (4-1), Inglaterra (1-0) e Roménia (3-2), qualificando-se facilmente para a segunda fase e em primeiro lugar. Neste agrupamento, os ingleses também asseguraram o passaporte para os quartos de final, pois apesar de terem perdido com os canarinhos, venceram Roménia (1-0) e Checoslováquia (1-0) e asseguraram o segundo lugar.

Por fim, o Grupo D foi dominado pela Alemanha Ocidental, que venceu Marrocos (2-1), Bulgária (5-2) e Peru (3-1) e conquistou facilmente o primeiro lugar. O outro apurado, foi o Peru, que apesar de ter perdido com os germânicos, não deu hipóteses a Bulgária (3-2) e Marrocos (3-0), terminando na segunda posição. Neste agrupamento, há ainda a destacar a quarta presença em campeonatos do mundo do alemão Seelar (esteve presente em 1958, 62, 66 e 70), ainda assim, não se tratava de um record, pois o mexicano Carbajal havia estado presente em cinco (1950, 54, 58, 62 e 66).

Quartos de Final

O Uruguai-União Soviética foi um duelo muito disputado e só ficou decidido no prolongamento, ao minuto 117, após um golo do uruguaio Espárrago. Os soviéticos ainda apresentaram um protesto oficial, pois entenderam que a bola já tinha saído de campo no momento do centro do qual resultou o tento, contudo, a FIFA rejeitou o apelo.

Menos equilibrado foi o Itália-México, pois os “azzurri”, que até começaram a perder (golo de González aos 13 minutos), deram a volta ao resultado e acabaram por vencer, facilmente, por quatro bolas a uma.

Por outro lado, o Brasil-Peru foi um jogo espectacular que colocou, frente a frente, o mágico Brasil de Pelé e o surpreendente Peru de Cubillas. Nesse jogo, o antigo jogador do FC Porto até fez um golo, ao contrário de Pelé, que ficou em branco, todavia, foi o Brasil que venceu o jogo (4-2), graças aos golos de Rivelino, Tostão (2) e Jairzinho.

Por fim, Alemanha Ocidental e Inglaterra disputaram a última vaga nas semi-finais. Num ambiente adverso (os mexicanos revelaram grande hostilidade aos ingleses durante todo o jogo), A equipa dos três leões chegou mesmo a estar a vencer por 2-0 e parecia lançada para o apuramento, todavia, a fria equipa germânica conseguiu chegar à igualdade antes dos 90 minutos. No prolongamento, a RFA foi mais feliz e garantiu a vitória graças a um golo do bombardeiro Gerd Müller (106′).

Meias-Finais

Na primeira meia final, o Brasil até entrou a perder com o Uruguai (Cubilla abriu o activo aos 19 minutos), mas depois a equipa canarinha puxou dos galões e soube dar a volta ao resultado com golos de Clodoaldo (45′), Jairzinho (76′) e Rivelino (90′), vencendo a partida por 3-1.

Por outro lado, a outra semi-final (Itália-Alemanha Ocidental) só se decidiu no prolongamento. A Itália marcou logo aos sete minutos e o resultado (1-0 para os italianos), manteve-se inalterado até aos 90 minutos, quando Schnellinger empatou a partida e forçou o tempo extra. No prolongamento, assistimos a um jogo fantástico, com a Itália a fazer o 2-1 e o 3-2, mas com os germânicos a empatarem sempre a partida. No entanto, aos 111 minutos, Rivera fez o 4-3 e, dessa vez, os alemães já não conseguiram responder, ficando fora da final. Neste desafio, temos ainda de destacar Beckebauer que deslocou a clavícula e jogou os últimos 30 minutos com o braço ao peito.

Terceiro e Quarto Lugar

É sempre um jogo ingrato, uma espécie de final menor, que, muitas vezes, trás pouca motivação aos intervenientes. Ainda assim, a Alemanha Ocidental não quis perder a oportunidade de atingir o último lugar no pódio e, conseguiu esse objectivo, vencendo o Uruguai, graças um golo solitário de Overath (27′).

Final* Brasil 4-1 Itália

O resultado pode dar a ideia de que a Itália, que não perdeu qualquer jogo até esta final e que tinha jogadores como Riva, Facchetti e Domenghini, teve uma má tarde, mas isso não correspondeu à verdade.

O Brasil tinha, na verdade, uma equipa fantástica e, apesar da inegável qualidade da selecção “azzurra”, conseguiu vencer o jogo com uma facilidade e clareza impressionante.

Marcou primeiro, por Pelé (18′), ainda permitiu a igualdade, na sequência de um golo de Boninsegna (37′), mas depois foi uma auto-estrada de magia, criatividade e golos, que foram três: Gérson (66′), Jairzinho (71′) e Carlos Alberto (89′), mas podiam ter sido mais, perante uma Itália que foi incapaz de responder à provavelmente melhor selecção da história.

Uma vitória justíssima e que garantia o tricampeonato mundial aos canarinhos, que, depois deste título, entrariam num jejum que durou 24 anos…

Números do Mundial 1970

Campeão: Brasil

Vice-Campeão: Itália

Terceiro Classificado: Alemanha Ocidental

Quarto Classificado: Uruguai

Eliminados nos Quartos de Final: URSS, Peru, México e Inglaterra

Eliminados na Fase de Grupos: Bélgica, El Salvador, Suécia, Israel, Roménia, Checoslováquia, Bulgária e Marrocos

Melhor Marcador: Gerd Müller (Alemanha Ocidental) – 10 golos

Equipa do Mundial 1970: Mazurkiewicz (Uruguai); Carlos Alberto (Brasil), Schwarzenbeck (Alemanha Ocidental), Beckenbauer (Alemanha Ocidental) e Facchetti (Itália); Clodoaldo (Brasil), Overath (Alemanha Ocidental) e Rivelino (Brasil); Jairzinho (Brasil), Pelé (Brasil) e Gerd Müller (Alemanha Ocidental).

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Rojas no relvado após a queda do petardo

A 3 de Setembro de 1989, brasileiros e chilenos jogavam, no Rio de Janeiro, uma partida decisiva para o apuramento para o Itália 90. Quem vencesse essa partida estaria apurado para o campeonato do mundo e quem perdesse estaria definitivamente afastado do certame. Num encontro intenso, tudo ia correndo bem para os canarinhos, que venciam por 1-0 (golo de Careca aos 48 minutos) e viam o tempo jogar a seu favor, até que, ao minuto 68, Roberto Rojas, caiu no relvado, presumivelmente atingido por um petardo lançado da bancada. O jogo seria interrompido e esperava-se que o Brasil acabasse excluído do campeonato do mundo devido ao acontecimento, mas… havia outra história por trás da lesão.

 

Integrados num grupo onde também estava a Venezuela, canarinhos e chilenos dominaram, desde o início, o agrupamento. Os brasileiros empataram com o Chile (1-1) mas golearam a Venezuela nas duas partidas (4-0 e 6-0), enquanto os chilenos não ficaram atrás, pois além do empate com os brasileiros, também não facilitaram diante da Venezuela (3-1 e 5-0).

Assim sendo, com as duas equipas com os mesmos pontos, o último jogo do agrupamento: Brasil-Chile era uma autêntica final, ainda que, devido à diferença de golos, bastasse um empate aos canarinhos e os chilenos eram obrigados a vencer.

Foi um jogo intenso, com muitas picardias à mistura, mas, globalmente dominado pelo Brasil. Depois de uma primeira parte sem golos, o reeinicio da partida trouxe, rapidamente, o golo de Careca (48′) e aproximou o Brasil do objectivo: Itália 90.

Com o encontro a caminhar para o seu final, os chilenos começaram a perder discernimento e era cada vez mais improvável que pudessem fazer dois golos. Nas bancadas já se fazia a festa, quando, aos 68 minutos, Roberto Rojas, guarda-redes chileno, caiu no relvado presumivelmente atingido por um petardo.

Rojas abandonou o relvado com a cara ensanguentada e os jogadores chilenos recusaram-se a continuar o desafio, alegando não estarem asseguradas as condições mínimas de segurança.

Pensou-se que, devido ao incidente, os chilenos pudessem ganhar o jogo na secretaria, todavia, imagens de vídeo desmascararam Rojas.

Essas gravações, mostravam que o guarda-redes não tinha sido atingido pelo petardo e, mais tarde, soube-se que o sangue era resultado de uma ferida que o próprio Rojas fez com uma lâmina que tinha guardada na luva.

A FIFA chocada com o acontecimento, excluiu automaticamente o Chile do Mundial 1990 e, também, das qualificações para o Mundial 1994. Roberto Rojas, por outro lado, foi banido definitivamente do futebol, sendo, posteriormente, perdoado em 2001, quando pouco lhe valia, pois já tinha 43 anos.

Reveja ou descubra as imagens de um dos maiores escândalos de sempre do futebol…

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Ruben amorim

Chegou à última da hora e pode ser uma mais valia

Apesar de muitos defenderem a sua presença nos convocados de Queirós, apenas foi chamado à última da hora para substituir Nani. Aos 25 anos, Ruben Filipe Marques Amorim é um jogador completo e num bom momento de forma, que poderá ser muito útil à selecção nacional.

Começou como médio e ez a sua formação no Belenenses, onde estreou-se no campeonato português em 2003, na vitória frente ao Alverca (2-0 no restelo). Mas foi na época 2005/06 que se estabeleceu como peça fundamental da equipa treinada, fazendo três épocas em bom plano – duas das quais onde foi orientado pelo seu actual treinador, Jorge Jesus. Em 2007, apesar do interesse de vários clubes (incluindo o Benfica, Sporting de Braga, FC Porto, Shalke 04 ou Tottenham), Ruben rejeita uma possível transferência. Na temporada seguinte (2008/09), muda-se para o Benfica, após o seu vínculo ao Belenenses expirar, e foi titular indiscutível, efectuando exibições de grande regularidade e consistência. Esta época, com a chegada de Javi Garcia e Ramires, perde espaço no meio campo, mas acaba por ser adaptado a defesa direito, onde faz um grande final de época.

Ruben Amorim é um jogador inteligente, dedicado e bom tacticamente. Não sendo um prodígio técnico, tem um domínio da bola interessante para as posições onde joga. A sua capacidade de preencher os espaços e “ler o jogo”, permitem-lhe que actue no centro do terreno e no lado direito da defesa sem perder a consistência da sua performance. Como lateral, não é especialmente rápido, mas a sua inteligência em campo permite-lhe uma gestão impecável das suas movimentações pelo corredor. O seu ponto fraco é o jogo aéreo, não sendo alto (1,80m), nem tendo uma impulsão acima da média, acaba por ser um alvo fácil neste aspecto.

Ruben esteve presente das camadas jovens da selecção portuguesa, participando no campeonato europeu de sub-21 (2007) e nos Jogos Olímpicos desse mesmo ano. A sua chamada ao mundial aconteceu com a lesão de Nani e jogou logo o primeiro jogo da competição.

Perante a sua boa forma e qualidade como jogador, poderá ser uma alternativa viável para o lado direito da defesa ou como interior (num 4-4-2 losango). Mas, se quiser agarrar um lugar no onze, terá de mostrar nos treinos o que os seus colegas mostraram durante dois anos às ordens de Queirós.

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miguel portugal

Miguel na selecção de portugal

Jogador importante no passado recente da selecção portuguesa, Miguel, de 30 anos, tem perdido espaço na equipa das quinas. Perante as alternativas existentes para o lugar de defesa direito, será Miguel, ainda, uma mais valia?

Começou a sua carreira, como extremo direito, no Estrela da Amadora, onde jogou até se transferir para o Benfica em 2000. No clube da luz, jogou durante cinco temporadas, conquistou um campeonato e uma taça de Portugal, e fez a sua transição para a posição que o viria a consagrar como jogador: defesa direito. As boas exibições de águia ao peito e com a camisola da selecção nacional fizeram despertar o interesse de clubes de campeonatos mais competitivos, e em 2005, Miguel assina um contracto com o Valencia FC, numa transferência de 7,5 milhões de euros. Em Espanha, afirma-se na primeira equipa e ganha o lugar de defesa direito, tendo, em cinco anos, completado 132 jogos na primeira liga espanhola.

Na selecção, Miguel estreou-se em 2003, frente à Itália, mas foi no Euro2004 que brilhou, fazendo um grande campeonato e afirmando-se como um dos melhores laterais do futebol europeu. Nos últimos tempos, tem perdido espaço na selecção, em especial pela ascensão de Bosingwa. Mas, a lesão do lateral do Chelsea facilitou a sua presença entre os 23 convocados para o mundial da África do Sul.

Miguel caracterizou-se por ser um lateral aguerrido, rápido e bom no apoio ao ataque. No entanto, tem vindo a perder o seu fulgor e velocidade, já não sendo tão temível no apoio ao ataque, nem capaz de recuperar tão bem a posição quando sobe pelo corredor direito. O seu sentido posicional não é muito forte, e se, noutros tempos, colmatava esse facto com velocidade na recuperação dos espaços, hoje em dia, essa debilidade encontra-se mais exposta. É indiscutível que continua a ser um bom jogador, mas poderá já não ser a mais valia que a selecção necessita, em especial por ter vindo a perder a capacidade de desequilibrar naquelas que eram as suas mais valias.

Paulo Ferreira é a primeira escolha de Carlos Queirós para o lado direito da defesa e Miguel, provavelmente, não terá a oportunidade de jogar neste mundial. Especialmente, pela chegada de última hora de Rúben Amorim, que se demonstrar nos treinos a boa forma com que acabou a época, poderá mesmo discutir um lugar no onze inicial.

Tendo em conta o seu historial e qualidade, não podemos afirmar que Miguel é um jogador a mais na selecção. Mas, em função das alternativas existentes, Miguel será apenas mais um jogador que Carlos Queirós decidiu incluir na sua convocatória para o campeonato do mundo.

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Banco iraquiano no jogo com o Paraguai (México 86)

Presente no Mundial 1986, o Iraque apostava muito forte na presença no campeonato do mundo de 1998 em França. A Federação iraquiana tentou dotar os atletas de todos os meios para que, doze anos depois, a selecção árabe voltasse a um Mundial de futebol. No entanto, as coisas nem sempre ocorrem como se deseja e a selecção do Iraque não passou do primeiro grupo de qualificação que tinha as, teoricamente acessíveis, selecções do Cazaquistão e Paquistão. Ainda assim, para os jogadores, pior do que a desilusão de não estarem num campeonato do mundo, foi o que veio depois…

A equipa do golfo pérsico havia estado presente no campeonato do mundo em 1986, no México e, apesar de sido eliminada logo na fase de grupos, tinha feito exibições bastante agradáveis, perdendo todos os jogos pela margem mínima: Paraguai (0-1), Bélgica (1-2) e México (0-1).

Na verdade, nos anos 80, o Iraque revelou-se, em termos futebolísticos, uma potência regional, pois além de ter estado no México 86, também esteve presente nos Jogos Olímpicos de 1984 e 1988 e venceu os Jogos Asiáticos de 1982. No entanto, a Guerra do Golfo criou imensos problemas ao país e impediu que o futebol mantivesse a sua ascensão.

Ainda assim, a Federação do Iraque apostava tudo no renascimento do seu futebol e, para tal, apostava fortíssimo na presença no Mundial 1998 que iria ter lugar em França.

Integrados, numa primeira fase, num grupo de qualificação com Cazaquistão e Paquistão, os iraquianos acreditavam que seria fácil passar à fase decisiva, ou seja, aquela que os podia apurar para o Mundial 2010.

Realmente, o Paquistão não causou qualquer embaraço aos iraquianos, que brindaram o seu adversário com duas goleadas (6-1 e 6-2), todavia, o Cazaquistão revelou-se bem mais forte do que se esperava e venceu a selecção do golfo pérsico, tanto em casa (3-1) como fora (2-1) e eliminou-os da fase decisiva.

Essas derrotas e a consequente eliminação do Iraque deixaram Qusay Hussein, Presidente da Federação Iraquiana de Futebol, desesperado e, este, em cólera, ordenou que todos os jogadores passassem por um quartel do seu Pai (Saddam Hussein).

Nesse local, os jogadores foram presos e torturados, sendo que no final desse momento de terror, os atletas iraquianos ainda foram brindados com uma fria frase do filho do ditador: “Joguem melhor da próxima vez”.

Curiosamente, em 2003, Qusay Hussein foi morto na invasão americana. No entanto, as profundas marcas que deixou nos jogadores daquela selecção iraquiana irão ficar, para sempre, marcadas nas suas piores memórias.

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Bem aproveitado Liedson pode ser letal

Liedson, aos 32 anos, é um ponta de lança que dispensa apresentações. Chegou como o reforço que Portugal precisava na fase de apuramento e acabou por ser decisivo. Neste mundial pede-se golos ao “levezinho”, que se tiver oportunidades para o fazer, certamente as concretizará.

Começou por jogar ao nível amador e só chegou a uma carreira profissional aos 22 anos, no Coritiba Foot Ball Club (2001/02). Seguiram-se o Clube de Regatas do Flamengo e o Sport Club Corinthians Paulista, até que, em 2003, chega a Portugal para jogar no Sporting Clube de Portugal. 

Chegou ao Sporting pela verba de dois milhões de euros e cedo ganhou o seu lugar na equipa, pelos seus golos, exibições e influência no jogo colectivo. Considerado, por muitos, como um dos melhores avançados da história verde e branca, ao lado de Peyroteo, Yazalde, Manuel Fernandes, Acosta ou Jardel, apontou mais de cem golos na liga portuguesa (111), foi o melhor marcador do campeonato português em 2005/05 e em 2006/07, venceu duas edições da Taça de Portugal e também foi peça em destaque na caminhada leonina até à final da Taça UEFA (2004/05).

Apesar de ter nascido no Brasil, Liedson demonstrou interesse em jogar na selecção portuguesa e representar o país que considera a sua casa: “Se um dia for chamado para jogar [na selecção portuguesa], não vou hesitar por um segundo, porque sinto-me em casa, em Portugal”. Com o final de carreira de Pauleta, o lugar de ponta de lança da selecção ficou em aberto até ao momento que Liedson adquiriu a nacionalidade portuguesa e foi chamado para representar a equipa das quinas. A sua estreia foi coroada com um golo decisivo, a evitar a derrota, frente à Dinamarca, e voltou a marcar frente à Hungria, tendo um papel decisivo na fase final do apuramento.

Com 1,75m e 63kgs, Liedson é um avançado fora do vulgar. As suas características não encaixam no que se pode esperar de um ponta de lança típico. No entanto, a sua qualidade é um dado adquirido. Dotado de requinte técnico, tem um faro de golo fora do comum e uma inteligência em campo invulgar, que fazem dele um pesadelo para qualquer defesa. Já não tem a velocidade de outros tempos, mas a sua mobilidade, posicionamento e agilidade continuam presentes, fazendo de Liedson um jogador letal e inesperado. Apesar da estatura baixa, tem uma impulsão notável e um jogo de cabeça tecnicamente evoluído, fazendo dele uma ameaça pelo ar. O seu ponto fraco, é sem dúvida o seu fraco poder de choque, tornando essencial que jogue com um companheiro, mais possante, por perto.

Liedson é um avançado de categoria e indiscutivelmente uma mais valia na selecção. No entanto, o seu rendimento é maior num sistema de 4-4-2, do que no habitual 4-3-3 com que a selecção joga. Queirós terá de tirar o melhor rendimento dos jogadores que tem ao seu dispor. Não faz sentido adaptar os jogadores a um esquema onde estão sub-aproveitados e onde não existe tempo para os adaptar a um outro sistema. Pede-se a Queirós que, quando jogue em 4-3-3, um dos extremos entre mais no meio para apoiar Liedson, compensado na ala com a subida de um dos laterais – neste campo, Fábio Coentrão poderá ser decisivo no apoio ao ataque.

Frente à Costa do Marfim, Liedson esteve sozinho na frente de ataque e o rendimento da equipa foi quase nulo. Parece-nos lógico, que o “levezinho” pode ser decisivo, mas terá de jogar mais apoiado.

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