Em primeira instância, teremos todos a tendência de pensar que, ao FC Porto, terá saído o principal brinde deste sorteio dos oitavos de final da Liga dos Campeões, mas a verdade é que existiam equipas bem mais acessíveis neste pote de não cabeças de série, nomeadamente o Shakhtar Donetsk, que não poderia sair aos azuis-e-brancos, ou o Schalke 04, que não mostrou ser superior ao Sporting no Grupo G. Afinal, o Basileia, muito bem orientado por Paulo Sousa, é uma equipa que sabe o que quer, não tendo deixado o Liverpool para trás por acaso. Baseando o seu jogo num 4x2x3x1 muito dinâmico e aguerrido, certamente obrigará os pupilos de Julen Lopetegui a estarem no seu melhor nível para superarem esta eliminatória e passarem aos quartos de final da prova.

O FC Porto jogará no St. Jakob-Park
Quem é o Basileia?
Fundado a 15 de Novembro de 1893, o Basileia é um histórico clube suíço que, ainda assim, viveu essencialmente dois períodos dourados no seu percurso, sendo o primeiro entre a segunda metade dos anos 60 e os anos 70, quando conquistou sete dos seus 17 campeonatos, e outro desde o início do século XXI, quando reafirmou-se como o principal gigante helvético, somando, desde aí, mais nove campeonatos.
Aliás, o Basileia apenas conquistou uma Liga Suíça fora desse espaço temporal, mais concretamente em 1952/53, sendo ainda relevante lembrar que tem 11 Taças da Suíça na sua sala de troféus. Já ao nível das competições europeias, o melhor que conseguiu foi atingir os quartos de final da Taça dos Campeões em 1973/74 e as meias-finais da Liga Europa em 2012/13.
Actual pentacampeão suíço, o Basileia encontra-se em muito boa posição para alcançar o hexa, uma vez que já é lider isolado do actual campeonato local, somando mais oito pontos que o segundo classificado, o FC Zurique.

Paulo Sousa impôs futebol positivo e dominador
Como joga?
O Basileia aposta essencialmente num 4x2x3x1 com claras dinâmicas posicionais, embora Paulo Sousa tenha a capacidade de alterar esse sistema, seja no início ou no decorrer do jogo, caso o perfil do adversário a isso obrigue.
Ainda assim, mais relevante do que a forma como as peças são colocadas no relvado, é falar do ADN deste Basileia, que passa por uma equipa que pratica um futebol com elevada nota artística, que prefere construir o jogo de trás e que impõe muita dinâmica e acutilância de processos no seu jogo, parecendo encontrar sempre soluções, mesmo perante adversários mais complicados.
Gostando de fazer pressão alta, poderá estar aqui um dos calcanhares de Aquiles do conjunto helvético, uma vez que esse factor, aliado a alguma tendência para perder o esférico na zona média de construção, expõe em demasia o seu sector defensivo, que não é propriamente rápido e sofre com as bolas colocadas nas suas costas.
De sublinhar, por fim, que o onze tipo deste Basileia de Paulo Sousa, esquematizado em 4x2x3x1, é o seguinte: Vaclik; Xhaka, Schar, Suchy e Safari; Fabian Frei, Elneny e Zuffi; Derlis González, Streller e Gashi.

Derlis é o principal desequilibrador do Basileia
Quem é que o FC Porto deve ter debaixo de olho? Derlis González
O Basileia tem inúmeros jogadores claramente acima da média, como os internacionais suíços: Schar (defesa-central), Fabian Frei (médio-centro) e Streller (ponta de lança), assim como o muito promissor atacante e recentemente naturalizado suíço, Embolo, de apenas 17 anos, mas a verdade é que o jogador que começa a assumir-se como estrela mais cintilante é o internacional paraguaio Derlis González.
Contratado este Verão ao Benfica, onde apenas jogou pelos juniores, o atacante de 20 anos havia passado as últimas duas temporadas emprestado ao Guaraní (36 jogos, 15 golos, em 2013) e Olímpia (20 jogos, nove golos, em 2014) do seu país natal, não tendo tido quaisquer problemas de adaptação ao principal campeonato helvético, onde soma 21 jogos, quatro golos e quatro assistências desde o início de 2014/15.
Partindo essencialmente do lado direito do ataque, Derlis González é, afinal, um desequilibrador nato, que se destaca pela sua velocidade e capacidade de drible, sendo um autêntico terror para os defesas em lances de um contra um. Para além disso, pela sua mobilidade, consegue ser híbrido na forma como executa o seu jogo, uma vez que tanto pode ser vertical num contexto de extremo mais puro, como mais diagonal, procurando desequilibrar em zonas centrais num contexto de falso-ala.
Como é que o Basileia chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões
O conjunto orientado por Paulo Sousa foi 2.º classificado no Grupo B com sete pontos, fruto de duas vitórias (1-0 ao Liverpool e 4-0 ao Ludogorets), um empate (1-1 com o Liverpool) e três derrotas (1-5 e 0-1 com o Real Madrid e 0-1 com o Ludogorets)
As possibilidades do FC Porto
Apesar do Basileia ser uma equipa com maior qualidade do que pode aparentar à primeira vista, a verdade é que o FC Porto não deixa de ser favorito a ultrapassar esta eliminatória, uma vez que tem muito maior talento individual do que este conjunto suíço, podendo isso ser fulcral no desequilíbrio do duelo.
Ainda assim, todo o cuidado é pouco por parte da turma azul-e-branca, uma vez que o Basileia é uma equipa colectivamente muito forte e homogénea, estando aqui num patamar superior aos comandados de Julen Lopetegui, cujo colectivo ainda parece estar longe daquilo que a soma das suas individualidades parecia prometer.
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