Não precisei que Carvalhal desse um abraço ao Leandro Grimi no final do jogo com o FC Porto e enaltecesse o seu profissionalismo para reparar que o argentino dá sempre tudo o que tem em campo. Não me admirei, portanto, que tivesse jogado com o pé torcido ou com pontos na cabeça, pois isso é apenas a demonstração do carácter do atleta.
Na quinta-feira, quando o vi ser expulso em Madrid por, ao tentar cortar para canto, ter ceifado o Reyes, notei na face dele um semblante de angústia por saber que o Sporting poderia ter sido prejudicado por aquele cartão vermelho. Grimi teve logo a preocupação de falar com Tonel, provavelmente para lhe pedir desculpa pelo gesto. Felizmente e até porque o argentino não merecia outro resultado, o Sporting aguentou o 0-0 até final.
Grimi não é um fora de série e, talvez, nem sequer se possa considerar um bom jogador. Ainda assim, também não é péssimo como muitas vezes o catalogam e, muito menos, terá as paragens cerebrais que, neste momento, tanto gostam de lhe atribuirem.
O atleta ex-Milão (convém não esquecer que ele chegou ao Milão…) é um atleta digno, extremamente profissional e, provavelmente, daqueles que melhor personificam o espírito de luta, crença e vontade que gostamos de ver num atleta profissional seja de que clube for.
Por outro lado, ele só actua no Sporting Clube de Portugal porque alguém o contratou e porque os treinadores que por lá passaram o colocam a jogar. Como tal, independentemente de acharem que ele deve ou não assumir o lado esquerdo da defesa, não será a ele que devem pedir satisfações, mas sim a quem o colocou lá. Parece claro não acham?
Assim sendo, da próxima vez que o argentino falhar um corte, centrar para a bancada ou cometer um erro qualquer, sejam mais benevolentes como são com certos atletas que podem jogar dezenas de jogos mal, que continuam a ser acarinhados com palmas e canções de embalar.