Num jogo de vida ou morte entre o São Paulo e o Guarani, a equipa do São Paulo, obrigada a vencer, chegou ao intervalo com uma igualdade que desesperava os adeptos. No meio da pressão aos jogadores, um adepto do Tricolor Paulista abeirou-se o goleador Arthur Friedenreich e disse-lhe que lhe pagava um conto de réis (muito dinheiro na altura) por cada golo que o avançado marcasse na segunda metade. Logo no primeiro minuto da etapa complementar, Friedenreich fez o primeiro, logo a seguir o segundo e, pouco depois, o terceiro. O adepto, agora desesperado pelo rombo na carteira, implorava-lhe que parasse, mas “El Tigre” que marcou mais de 1300 golos na carreira, replicou-lhe dizendo: “Só mais um, de choro”. Assim foi, fez o quarto e só aí parou de marcar, sendo que, mal acabou o desafio, rapidamente foi cobrar o dinheiro ao adepto tricolor. Era assim Arthur Friedenreich, um dos primeiros grandes goleadores do futebol mundial.
Nascido a 18 de Julho de 1892 em São Paulo, Arthur Friedenreich era filho de um emigrante alemão e de uma afro-brasileira, sendo, assim, um dos primeiros grandes jogadores mestiços do futebol brasileiro.
Durante a sua longa carreira de 26 anos, passou por diversos clubes como o Germânia, o Ypiranga ou o Flamengo, mas foi no Paulistano e, também, no São Paulo, onde jogou entre 1930 e 1935 que assumiu uma posição de maior destaque.
Melhor marcador da Liga Paulista por nove ocasiões, o avançado brasileiro marcou mais de 1300 golos na carreira, mais do que, por exemplo, Pelé. E isto numa altura em que havia muito menos jogos para disputar do que há agora. Goleador temível, o avançado era muito mais do que um simples marcador de golos, era um desequilibrador e um jogador com grande capacidade táctica e técnica, o que o destacava dos demais.
Internacional brasileiro por 22 vezes (10 golos), conquistou duas Copas América e apenas falhou a primeira edição do campeonato do mundo, em 1930, porque existiu uma divergência entre os responsáveis das federações de São Paulo e do Rio de Janeiro que impediu que os melhores jogadores paulistas pudessem viajar até ao Uruguai.
Apesar disso, Arthur Friedenreich irá sempre ser recordado como um dos maiores jogadores do futebol mundial, sendo que, muito antes da coroação de Pelé como rei, já Friedenreich havia conseguido essa alcunha, quando em 1925, numa digressão do Brasil pela Europa, foi intitulado pelos europeus como o “Rei do Futebol”.
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