Esta é apenas a terceira participação da Austrália num campeonato do mundo, todavia, a evolução dos “cangurus” é impressionante. O percurso no Mundial 2006 foi brilhante e passou pela eliminação do Japão e da Croácia. Nessa competição, a equipa australiana apenas caiu nos oitavos de final aos pés da Itália (0-1) e o golo que lhes custou a eliminação só surgiu nos descontos, através de um penalti muito duvidoso. Agora, quatro anos mais tarde e beneficiando da mudança da Confederação da Oceania para a Confederação Asiática (situação que em muito melhorou a sua competitividade), os cangurus prentendem, pelo menos, fazer uma campanha igual à do campeonato do mundo anterior. Veremos se Gana, Sérvia e Alemanha estão pelos ajustes.
A Qualificação
Na 3ª Fase de apuramento, sabendo que se apuravam duas equipas, os australianos relaxaram um pouco e acabaram por terminar o agrupamento com duas derrotas. Mesmo assim, num grupo forte com Qatar, Iraque e China, terminaram no primeiro posto com os mesmos pontos do segundo classificado: Qatar.
No entanto, a participação na 4ª e última fase de apuramento foi impressionante. Diante de Japão, Bahrain, Qatar e Uzbequistão, os cangurus venceram seis jogos, empataram dois e não perderam nenhum, terminando na primeira posição com mais cinco pontos que a selecção nipónica.
Nesta campanha, destaque para a vitória caseira diante do Japão (2-1) e das duas vitórias diante da complicada selecção do Bahrain (1-0 e 2-0), que, lembre-se, eliminou a Arábia Saudita de José Peseiro.
Em suma, tratou-se de uma excelente caminhada que só poderia terminar com o apuramento australiano para o campeonato do mundo de futebol.
3ª Fase: Grupo 1 – Classificação
- Austrália 10 pts
- Qatar 10 pts
- Iraque 7 pts
- China 6 pts
4ª Fase: Grupo A – Classificação
- Austrália 20 pts
- Japão 15 pts
- Bahrain 10 pts
- Qatar 6 pts
- Uzbequistão 4 pts
O que vale a selecção australiana?
Apesar da selecção australiana vir do outro lado do mundo, trata-se de uma equipa de perfil europeu, pois quase todos os seus jogadores actuam em clubes do velho continente. A equipa de Phil Verbeek, apesar de calculista e de privilegiar o colectivo, tem também excelentes valores individuais como Kewell e Cahill e deverá disputar o segundo lugar do Grupo D com Gana e Sérvia.
Actuando em 4-4-2 clássico, a Austrália apresenta um esquema defensivo composto por um guarda-redes muito seguro (Schwarzer), dois laterais muito ofensivos (Chipperfield e Emerton) e, depois, no centro da defesa, um duo experiente: Moore e Lucas Neill, sendo que Rhys Williams, central do Middlesbrough, também é uma excelente opção.
No meio campo, Jason Culina é um médio defensivo que não se limita a destruir jogo, pois é muito bom no passe curto e combina muito bem com o box to box e grande estrela da equipa: Tim Cahill. Ao médio do Everton cabe a exigente tarefa de construção de jogo ofensivo dos “socceroos”, mas, também, de ajudar Culina nas tarefas defensivas. Depois, nas alas, encontramos Bresciano (à esquerda) e Wilkshire (à direita). Dois atletas que atacam bem, mas que também são seguros a defender, dando muita consistência táctica à equipa australiana.
Por fim, o ataque está entregue a Holman e Kewell. Nenhum deles é um ponta de lança puro, pois ambos são jogadores muito móveis que gostam de cair para as linhas e confundir as marcações. Apesar de nenhum ser um verdadeiro goleador, poderão criar muitos problemas às defesas contrárias, nomeadamente, Kewell, um jogador de grande qualidade técnica, fortíssimo no um contra um e que costuma ser letal na finalização. No caso de Phil Verbeek querer dar mais poder de fogo aos cangurus, basta retirar Holman, recuar um pouco Kewell e lançar, como ponta de lança fixo, o atacante do Nagoya: Kennedy.
Uma equipa muito homogénea e de boa qualidade que pode surpreender por terras sul-africanas.
O Onze Base
Temos muitas dúvidas se o seleccionador Verbeek vai optar por Holden ou Kennedy, mas, se optar pelo atacante mais móvel, o onze deverá ser Schwarzer (Fulham) na baliza; Chipperfield (Basileia), a defesa-esquerdo, Emerton (Blackburn), à defesa direito e Moore (Kavala) e Neill (Galatasaray) como centrais; Depois, no meio campo, Culina (Gold Coast) a trinco, Cahill (Everton), a médio centro, e Bresciano (Palermo) e Wilkshire (Dínamo Moscovo) como alas; Por fim, no ataque, dois atacantes plenos de mobilidade: Kewell (Galatasaray) e Holman (AZ).
Classificação – Previsão “A Outra Visão”
O grupo dos australianos não é nada fácil, todavia, se não parecem ter condições de disputar o primeiro lugar com os alemães, aparentam ter as mesmas hipóteses de sérvios e ganeses na luta pelo segundo lugar. Aliás, se os cangurus continuarem a demonstrar a grande consistência táctica que têm apresentado até aqui, poderão, inclusivamente, ter alguma vantagem na luta pelo último posto de apuramento para os oitavos de final.
Calendário – Grupo D (Mundial 2010)
- 13 de Junho: Austrália vs Alemanha
- 19 de Junho: Austrália vs Gana
- 23 de Junho: Austrália vs Sérvia