Há uma coisa que me faz grande confusão na construção de alguns plantéis.
Para começar, devo admitir que não vejo quaisquer vantagens em fundos de investimento. Diluem o investimento inicial, é certo, mas também diluem o lucro. Aliás, o caso Rojo é um exemplo perfeito: se o Sporting tiver de pagar os tais 75% à Doyen, e se somarmos os ordenados entretanto pagos ao argentino, vamos acabar por perceber que os verde-e-brancos terão prejuízo entre o deve e haver. Isto faz sentido? Adiante…
Para mim, o segredo do sucesso é muito simples: compra-se a x e vende-se a y. E se, em cada cinco jogadores, três forem bem vendidos, teremos sempre lucro. E isto ainda é mais potenciado em jogadores da formação/equipa B como sucedeu recentemente com Bruma ou Ilori no Sporting ou Bernardo Silva e André Gomes no Benfica.
Nesse seguimento, entendo que um plantel tem de ser formado por três camadas: formação, jogadores que já deram cartas em equipas médias da Liga e craques.
A quantidade de cada “sector”, vai depender da realidade de cada equipa, ou seja, o Benfica e o FC Porto, mais desafogados financeiramente, poderão apostar mais em craques, enquanto o Sporting terá de se apoiar mais na formação e nos “Jeffersons”. Mas o princípio tem de ser este.
Ora, é aqui que eu não percebo alguns modos de actuar e vou pegar no exemplo prático do Sporting. Não está aqui em questão a margem de progressão de Sarr ou Sacko, por exemplo, mas faz sentido comprar os dois franceses por um total de dois milhões de euros quando existem Tobias Figueiredo e Iuri Medeiros ou Podence nos quadros? Faz sentido ir buscar Rosell por mais um milhão de euros, se algo próximo desse valor permitiria aos leões irem buscar um valor seguro e rotinado em Portugal como Danilo Pereira? Faz sentido terem dificultado a saída de Diego Capel no último Verão, quando este está agora longe das primeiras opções e ganha o ordenado que ganha?
Andando um ano e meio para trás, também posso perguntar: É muito difícil identificar jogadores como Yohan Tavares, Marcelo, Evandro, Soudani, Luís Leal ou Carlos Eduardo e tê-los contratado no Verão de 2013? Será que não se traduziria num upgrade inequívoco ao plantel do SCP e a custo de duas vendas de alguns excedentários como Rinaudo e Capel?
Depois, há ainda a detecção de talento internacional, onde faz-me confusão a “cegueira” que existe em Portugal para com grande parte do mercado internacional. Se eu com um computador e acesso à internet consegui descobrir uma centena de craques antes deles aparecerem em campeonatos de maior relevo como Jackson Martínez, Mandzukic, Kramaric, Kakitani, Bas Dost, Vrsjalko, Bony ou Courtois, como é que supostos scouts de alto nível continuam a falhar na detecção de talento? Ou pelo menos a terem um índice de aproveitamento baixíssimo?
Não posso fugir à realidade de que o Sporting tem um orçamento mais baixo que os rivais e, como tal, menos armas para esgrimir, mas também não posso deixar de achar que podia ter sido feito muito melhor com as armas ao dispor.