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Archive for the ‘História dos Mundiais’ Category

Era uma selecção sublime, aquele Brasil que venceu o Mundial 1970 disputado no México. Jogadores como Pelé, Jairzinho, Rivelino ou Tostão deram um espectáculo de magia, alegria e criatividade, explanado num futebol ofensivo que permitiu aos canarinhos vencerem todos os seis jogos que disputaram e marcarem 19 golos. Um exemplo do poderio brasileiro foi a forma como venceram a final: 4-1 à Itália, num jogo dominado totalmente pela equipa de Pelé. Este foi também o primeiro campeonato do mundo com substituições (duas na altura) e com cartões…

Primeira Fase

Tal como no Chile 1962 e no Inglaterra 1966, a primeira fase foi composta por quatro grupos  de quatro equipas, passando os dois primeiros de cada grupo para os quartos de final. Este foi, no entanto, o primeiro campeonato do mundo com substituições e, também, com cartões, uma ideia do Árbitro Ken Aston após parar nos semáforos de uma rua de Londres e pensar que os sinais amarelo e vermelho podiam ser uma forma de parar a violência. Outra estreia neste campeonato do mundo foi o facto da Adidas ter-se encarregado, pela primeira vez, da bola do Mundial. A estreia aconteceu com a Telstar, uma bola branca com hexágonos pretos.

No Grupo A, México e URSS, não deram hipóteses a Bélgica e El Salvador, pois após empatarem entre si (0-0), aztecas (1-0 à Bélgica e 4-0 a El Salvador) e soviéticos (4-1 à Bélgica e 2-0 a El Salvador) venceram os seus adversários e apuraram-se facilmente para os oitavos de final. Destaque, também, para o facto do soviético Byshovets ter sido o primeiro atleta a ver um cartão amarelo num campeonato do mundo.

Mais equilibrado foi o Grupo B, composto por Itália, Uruguai, Suécia e Israel. Neste agrupamento, apuraram-se a Itália (1ª), que venceu a Suécia (1-0), empatando com Uruguai (0-0) e Israel (0-0) e o Uruguai, que além do empate com os italianos, venceu Israel (2-0) e perdeu com a Suécia (0-1). Os suecos, mesmo vencendo os uruguaios, acabaram eliminados, pois apesar de terem terminado com os mesmos pontos dos celestes, tiveram pior “goal-average”.

Por outro lado, o Grupo C foi um autêntico passeio para o Brasil, que venceu Checoslováquia (4-1), Inglaterra (1-0) e Roménia (3-2), qualificando-se facilmente para a segunda fase e em primeiro lugar. Neste agrupamento, os ingleses também asseguraram o passaporte para os quartos de final, pois apesar de terem perdido com os canarinhos, venceram Roménia (1-0) e Checoslováquia (1-0) e asseguraram o segundo lugar.

Por fim, o Grupo D foi dominado pela Alemanha Ocidental, que venceu Marrocos (2-1), Bulgária (5-2) e Peru (3-1) e conquistou facilmente o primeiro lugar. O outro apurado, foi o Peru, que apesar de ter perdido com os germânicos, não deu hipóteses a Bulgária (3-2) e Marrocos (3-0), terminando na segunda posição. Neste agrupamento, há ainda a destacar a quarta presença em campeonatos do mundo do alemão Seelar (esteve presente em 1958, 62, 66 e 70), ainda assim, não se tratava de um record, pois o mexicano Carbajal havia estado presente em cinco (1950, 54, 58, 62 e 66).

Quartos de Final

O Uruguai-União Soviética foi um duelo muito disputado e só ficou decidido no prolongamento, ao minuto 117, após um golo do uruguaio Espárrago. Os soviéticos ainda apresentaram um protesto oficial, pois entenderam que a bola já tinha saído de campo no momento do centro do qual resultou o tento, contudo, a FIFA rejeitou o apelo.

Menos equilibrado foi o Itália-México, pois os “azzurri”, que até começaram a perder (golo de González aos 13 minutos), deram a volta ao resultado e acabaram por vencer, facilmente, por quatro bolas a uma.

Por outro lado, o Brasil-Peru foi um jogo espectacular que colocou, frente a frente, o mágico Brasil de Pelé e o surpreendente Peru de Cubillas. Nesse jogo, o antigo jogador do FC Porto até fez um golo, ao contrário de Pelé, que ficou em branco, todavia, foi o Brasil que venceu o jogo (4-2), graças aos golos de Rivelino, Tostão (2) e Jairzinho.

Por fim, Alemanha Ocidental e Inglaterra disputaram a última vaga nas semi-finais. Num ambiente adverso (os mexicanos revelaram grande hostilidade aos ingleses durante todo o jogo), A equipa dos três leões chegou mesmo a estar a vencer por 2-0 e parecia lançada para o apuramento, todavia, a fria equipa germânica conseguiu chegar à igualdade antes dos 90 minutos. No prolongamento, a RFA foi mais feliz e garantiu a vitória graças a um golo do bombardeiro Gerd Müller (106′).

Meias-Finais

Na primeira meia final, o Brasil até entrou a perder com o Uruguai (Cubilla abriu o activo aos 19 minutos), mas depois a equipa canarinha puxou dos galões e soube dar a volta ao resultado com golos de Clodoaldo (45′), Jairzinho (76′) e Rivelino (90′), vencendo a partida por 3-1.

Por outro lado, a outra semi-final (Itália-Alemanha Ocidental) só se decidiu no prolongamento. A Itália marcou logo aos sete minutos e o resultado (1-0 para os italianos), manteve-se inalterado até aos 90 minutos, quando Schnellinger empatou a partida e forçou o tempo extra. No prolongamento, assistimos a um jogo fantástico, com a Itália a fazer o 2-1 e o 3-2, mas com os germânicos a empatarem sempre a partida. No entanto, aos 111 minutos, Rivera fez o 4-3 e, dessa vez, os alemães já não conseguiram responder, ficando fora da final. Neste desafio, temos ainda de destacar Beckebauer que deslocou a clavícula e jogou os últimos 30 minutos com o braço ao peito.

Terceiro e Quarto Lugar

É sempre um jogo ingrato, uma espécie de final menor, que, muitas vezes, trás pouca motivação aos intervenientes. Ainda assim, a Alemanha Ocidental não quis perder a oportunidade de atingir o último lugar no pódio e, conseguiu esse objectivo, vencendo o Uruguai, graças um golo solitário de Overath (27′).

Final* Brasil 4-1 Itália

O resultado pode dar a ideia de que a Itália, que não perdeu qualquer jogo até esta final e que tinha jogadores como Riva, Facchetti e Domenghini, teve uma má tarde, mas isso não correspondeu à verdade.

O Brasil tinha, na verdade, uma equipa fantástica e, apesar da inegável qualidade da selecção “azzurra”, conseguiu vencer o jogo com uma facilidade e clareza impressionante.

Marcou primeiro, por Pelé (18′), ainda permitiu a igualdade, na sequência de um golo de Boninsegna (37′), mas depois foi uma auto-estrada de magia, criatividade e golos, que foram três: Gérson (66′), Jairzinho (71′) e Carlos Alberto (89′), mas podiam ter sido mais, perante uma Itália que foi incapaz de responder à provavelmente melhor selecção da história.

Uma vitória justíssima e que garantia o tricampeonato mundial aos canarinhos, que, depois deste título, entrariam num jejum que durou 24 anos…

Números do Mundial 1970

Campeão: Brasil

Vice-Campeão: Itália

Terceiro Classificado: Alemanha Ocidental

Quarto Classificado: Uruguai

Eliminados nos Quartos de Final: URSS, Peru, México e Inglaterra

Eliminados na Fase de Grupos: Bélgica, El Salvador, Suécia, Israel, Roménia, Checoslováquia, Bulgária e Marrocos

Melhor Marcador: Gerd Müller (Alemanha Ocidental) – 10 golos

Equipa do Mundial 1970: Mazurkiewicz (Uruguai); Carlos Alberto (Brasil), Schwarzenbeck (Alemanha Ocidental), Beckenbauer (Alemanha Ocidental) e Facchetti (Itália); Clodoaldo (Brasil), Overath (Alemanha Ocidental) e Rivelino (Brasil); Jairzinho (Brasil), Pelé (Brasil) e Gerd Müller (Alemanha Ocidental).

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Disputado na pátria do futebol, que sempre exaltou a ética, a moral e os bons costumes, o Mundial 66 foi uma competição com protestos, más arbitragens e, até, algumas matreirices. Um bom exemplo foi o de obrigar Portugal a fazer uma viagem longa até Londres nas meias finais, quando a equipa das quinas tinha o direito de disputar essa partida com a Inglaterra em Liverpool. Ainda assim, foi um campeonato do mundo pleno de qualidade, que serviu para confirmar o enorme talento de Eusébio ao Mundo, provar que os norte-coreanos também sabiam jogar futebol (a Itália que o diga) e, acima de tudo, dar o primeiro e único título mundial à Inglaterra.

Primeira Fase

A primeira fase do campeonato do mundo foi exactamente igual ao Chile 62: dezasseis selecções divididas em quatro grupos de quatro, em que se apuravam os dois primeiros para os quartos de final.

No Grupo A, a Inglaterra demonstrou que era uma séria candidata ao ceptro mundial, ao vencer um agrupamento difícil, graças às vitórias diante de México (2-0) e França (2-0) e ao empate diante do Uruguai (0-0). Neste grupo, os sul-americanos também se apuraram, pois além de terem empatado com os ingleses e com o México (0-0), a vitória diante da França (2-1) foi suficiente para o passaporte para os quartos de final.

Outro agrupamento sem surpresas foi o Grupo B, onde Alemanha Ocidental e Argentina se superiorizaram a Espanha e Suíça. Os germânicos venceram a Suíça (5-0) e a Espanha (2-1), empatando com os sul-americanos (0-0), enquanto os argentinos, além do empate com os alemães, venceram, igualmente, helvéticos (2-0) e espanhóis (2-1).

Por outro lado, no Grupo C, surgiu a primeira grande surpresa. Apesar do Brasil ter chegado inferiorizado a Inglaterra, poucos acreditariam que os canarinhos fossem eliminados num grupo com Hungria, Bulgária e Portugal. No entanto, os brasileiros, apesar de terem vencido o primeiro jogo (2-0 aos búlgaros), perderam com a Hungria (1-3) e, também, com Portugal (1-3), num desafio em que Morais, com uma marcação implacável a Pelé, anulou o astro brasileiro. Neste agrupamento, o grande vencedor foi Portugal que começava a surpreender o Mundo, pois além da vitória diante do Brasil, os portugueses também venceram os magiares (3-1) e  a Bulgária (3-0). O outro apurado foi a Hungria, a quem bastou vencer os canarinhos (3-1) e búlgaros (3-1) para se apurar para os quartos de final.

Por fim, o Grupo D também assistiu a um escândalo e este foi bem maior que o que se viveu no grupo luso. Num agrupamento totalmente dominado pela União Soviética, que venceu Coreia do Norte (3-0), Itália (1-0) e Chile (2-1), italianos e coreanos chegaram ao último jogo para decidirem quem seria o segundo classificado. Os europeus haviam vencido o Chile (2-0) e os asiáticos apenas tinham empatado (1-1) e, assim, bastava um empate à Itália. No entanto, os azzurri não encararam o jogo com a devida atenção e acabaram por perder (0-1) com os norte-coreanos, graças a um golo de Pak Doo-Ik (41′). Esta eliminação italiana levou a Federação local a fechar as fronteiras da Série A a jogadores estrangeiros durante mais de uma dezena de anos.

Quartos de Final

O primeiro jogo dos quartos de final foi o Inglaterra-Argentina e, além da vitória inglesa (1-0), este jogo teve uma história deveras curiosa. Aos 35 minutos, o argentino Rattin foi expulso por palavras, mas o curioso é que nem ele falava alemão nem o juiz germânico (Kreitlen) falava espanhol. Como tal, o atleta sul-americano recusou-se a sair de campo, exigindo um tradutor. O jogo esteve parado durante sete minutos e só com a intervenção da polícia é que Rattin abandonou o campo. Este episódio levou a FIFA a implementar o sistema de cartões (amarelos e vermelhos) no Mundial seguinte.

Depois, numa partida em que os uruguaios acabaram reduzidos a nove aos onze minutos, a Alemanha Ocidental goleou o Uruguai por quatro a zero e seguiu, tranquilamente, para as meias-finais.

Por outro lado, o Portugal-Coreia do Norte foi um jogo muito mais equilibrado e emocionante. Aos 25 minutos, o Mundo abria a boca de espanto com a vantagem asiática de três bolas a zero, no entanto, não contaram com a resposta de Portugal e, acima de tudo, de Eusébio, que, até ao intervalo, fez dois tentos e reduziu a desvantagem para apenas um golo (2-3). Depois do descanso, o Pantera Negra fez mais dois tentos e assegurou a reviravolta total no resultado. Até ao apito final, José Augusto ainda fez outro golo e colocou o resultado final em 5-3 para Portugal, numa das cambalhotas mais históricas em campeonatos do mundo.

Por fim, os quartos de final encerraram com um duelo equilibrado entre URSS e Hungria, que os soviéticos venceram por 2-1.

Meias-Finais

A primeira semi-final foi vencida pela Alemanha Ocidental que se superiorizou à URSS (2-1) num jogo bastante intenso e que contou com a expulsão do soviético Cislenko (44′).

Na segunda meia-final, Portugal e Inglaterra defrontaram-se em Wembley para o acesso à final. O jogo era para ser disputado em Liverpool, onde os portugueses haviam defrontado os norte-coreanos, mas a pressão inglesa para que o encontro passasse para Londres foi muito forte e a FIFA acabou por aceder ao pedido. Nessa partida, o cansaço da selecção nacional devido à inesperada viagem, aliado a uma marcação implacável de Stiles a Eusébio diminuiu, em muito, as possibilidades lusitanas. Assim sendo, Portugal acabou por perder com a Inglaterra (1-2) e o Pantera Negra terminou o desafio em lágrimas sentindo que, afinal, tinha estado a um passo de uma final de um campeonato do mundo.

Terceiro e Quarto Lugar

Não era o jogo que Portugal e URSS quereriam disputar, todavia, ambos queriam, ao menos, chegar ao pódio do Mundial 66. Num jogo intenso, a selecção das quinas adiantou-se aos 13 minutos, graças a um penalti de Eusébio, mas Malafeev igualou a partida a dois minutos do intervalo. A partir daqui, o jogo foi muito equilibrado e a vitória podia ter caído para qualquer lado, todavia, a dois minutos do fim, Torres bateu Yashin e garantiu a melhor classificação de Portugal num Mundial de futebol.

Final* Inglaterra 4-2 RFA

Ingleses e alemães defrontavam-se numa final inédita na tentativa de conquistarem uma Taça que já havia conhecido uma história bem atribulada.

Exposta em Londres durante dois meses e meio e guardada por seis guardas, a Taça Jules Rimet foi roubada a 20 de Março de 1966 para espanto do Mundo. Ainda assim, uma semana depois, o objecto foi encontrado por um cão chamado Pickles num jardim de Londres e embrulhada em papel de jornal. Com a Taça Jules Rimet recuperada, o jogo pode iniciar-se com a certeza de que o vencedor iria ter algo de muito especial para levantar no momento do triunfo.

Tratou-se de uma final intensa e com várias variações no marcador. Os alemães marcaram primeiro, aos 12 minutos, por Haller, mas os ingleses conseguiram dar a cambalhota no marcador com golos de Hurst (18′) e Peters (78′).

Já se fazia a festa em Wembley, mas aos 90 minutos, na sequência de uma falta inexistente, Weber empatou a partida e levou o jogo a prolongamento.

Após terem sido obrigados a disputar o prolongamento na sequência de uma falta que não existiu, os ingleses chegariam à vantagem, aos 101 minutos, graças a uma bola que não transpôs totalmente a linha de baliza. O autor do golo que não o devia ser, foi Hurst, que, em cima do final do prolongamento, completou o hat-trick e fez o 4-2 final.

Foi a primeira e, até hoje, única vitória da selecção da rosa num campeonato do mundo, mas, na verdade, quem mais brilhou no Mundial 66 foi um atacante moçambicano de seu nome: Eusébio da Silva Ferreira.

Números do Mundial 1966

Campeão: Inglaterra

Vice-Campeão: RFA

Terceiro Classificado: Portugal

Quarto Classificado: URSS

Eliminados nos Quartos de Final: Argentina, Uruguai, Coreia do Norte e Hungria

Eliminados na Fase de Grupos: México, França, Espanha, Suíça, Chile, Itália, Brasil e Bulgária

Melhor Marcador: Eusébio (Portugal) – 9 golos

Equipa do Mundial 1966: Banks (Inglaterra); Cohen (Inglaterra), Moore (Inglaterra), Beckenbauer (RFA) e Schnellinger (RFA); Voronin (URSS) e Coluna (Portugal); Simões (Portugal), Haller (RFA), Bobby Charlton (Inglaterra) e Eusébio (Portugal).

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Em pleno Mundial do Chile, após Pelé se ter lesionado no segundo jogo da fase de grupos, diante da Checoslováquia, os brasileiros pensaram que haviam perdido as hipóteses de se sagrarem bicampeões do mundo. Contudo, um jogador para o qual todos os adversários tinham o mesmo nome e todos os jogos a mesma importância resolveu fazer de Pelé, iniciando uma sequência de jogos fenomenais que empurraram o Brasil para a conquista do título mundial. Assim sendo, o sétimo campeonato do mundo foi conquistado pela selecção canarinha, graças a um atleta de pernas tortas, que fazia sempre a mesma finta, mas sempre com sucesso: Mané Garrincha.

Primeira Fase

Este campeonato do mundo, realizado no Chile, teve um sistema em tudo semelhante ao que veremos no Mundial da África do Sul, sendo que a única diferença foi a presença de 16 selecções em vez das actuais 32.

No Grupo A, a URSS qualificou-se como primeira classificada após vencer  a Jugoslávia (3-1) e o Uruguai (2-1) e empatar com a Colômbia (4-4). No jogo com os colombianos, Yashin foi criticado por, depois dos soviéticos estarem a ganhar 4-1, ter facilitado e sofrido alguns golos questionáveis. A pressão foi muito grande mas o “Aranha Negra” acabou por manter a titularidade e, em 1963, acabou por ganhar a Bola de Ouro. Até hoje, foi o único guarda-redes a consegui-lo. Também neste grupo, os jugoslavos, apesar da derrota com os soviéticos, apuraram-se como segundos classificados, graças às vitórias sobre a Colômbia (5-0) e Uruguai (3-1).

Por outro lado, no Grupo B, a Alemanha Ocidental foi a selecção mais forte, vencendo a Suíça (2-1) e o Chile (2-0) e empatando, a zero, com a Itália. Logo abaixo dos germânicos, ficou a selecção anfitriã que, apesar de ter perdido com a RFA, venceu helvéticos (3-1) e italianos (2-0), apurando-se também para os quartos de final. O jogo entre Chile e Itália foi muito intenso e ficou conhecido como a batalha de Santiago. No meio de várias expulsões, curiosa foi a primeira, a do italiano Ferrini, pois este recusou-se a sair de campo e só a polícia conseguiu tirá-lo de lá.

Depois, no Grupo C, o Brasil ficou em primeiro lugar, após vitórias diante da Espanha (2-1) e México (2-0) e um empate diante da Checoslováquia (0-0). Neste grupo, também se apuraram os checoslovacos que, além do empate com o Brasil, venceram a Espanha (1-0) e perderam com o México (1-3). A grande desilusão do agrupamento foram os “nuestros hermanos” que chegaram a este mundial como a selecção da ONU por terem várias estrelas internacionais (Puskas e Di Stéfano eram exemplos), mas acabaram por cair logo na primeira fase.

Por fim, o Grupo D foi vencido pela Hungria, que venceu a Inglaterra (2-1) e Bulgária (6-1), empatando, depois, com a Argentina (0-0). Quem acompanhou os húngaros no apuramento para a segunda fase foi a equipa dos três leões, pois apesar da derrota com os magiares e do empate a zero com os búlgaros, venceu os argentinos (3-1). Um triunfo que se revelou decisivo na passagem aos quartos de final.

Quartos de Final

No primeiro desafio dos quartos de final, a União Soviética foi surpreendida pelo Chile, que venceu por duas bolas a uma. Após a primeira fase, poucos acreditariam no desaire soviético, mas a equipa anfitriã, muito matreira, acabou por conseguir o passaporte para as meias finais.

Ainda assim, as surpresas não ficaram por aqui, pois a Hungria (perdeu 1-0 com a Checoslováquia) e a Alemanha Ocidental (perdeu 1-0 com a Jugoslávia) que também  haviam vencido os seus grupos caíam, assim, diante de selecções teoricamente mais fracas.

Assim sendo, a única equipa que confirmou o favoritismo nos quartos de final foi o Brasil. A equipa canarinha venceu a Inglaterra por 3-1, num jogo em que Garrincha bisou e ainda se deu ao luxo de falhar um penalti.

Meias-Finais

O jogo mais emocionante das semiMas-finais foi, claramente o Brasil-Chile. O campeão do mundo defrontou a equipa anfitriã e venceu a partida com relativa facilidade por 4-2. No entanto, Garrincha, que voltou a bisar, acabou expulso devido a uma picardia com o chileno Sánchez. Essa expulsão assustou os brasileiros que não o queriam fora da final e, assim, iniciou-se uma enorme pressão ao árbitro e ao assistente uruguaio: Esteban Marino. A pressão foi tal, que o árbitro escreveu no relatório que não viu a infração de Garrincha e, como tal, a FIFA despenalizou o anjo das pernas tortas.

Por outro lado, a outra partida saldou-se numa vitória da Checoslováquia diante da Jugoslávia por três bolas a uma. Isto significava que teríamos um Brasil-Checoslováquia na final do campeonato do mundo.

Terceiro e Quarto Lugar

O duelo para atribuição do terceiro e quarto lugar apenas foi decidido em cima do apito final. Nesse momento, Rojas não perdoou e garantiu o terceiro lugar ao Chile. Assim sendo, a Jugoslávia teve de se contentar com o quarto lugar.

Final* Brasil 3-1 Checoslováquia

Esta final tinha à partida um vencedor anunciado. O Brasil podia não ter Pelé, mas tinha o melhor Garrincha de sempre e isso, durante o Mundial, bastou.

Apesar de ter começado a partida a perder, graças a um golo de Masopust (15′), os brasileiros nunca perderam a calma e, dois minutos depois, Amarildo empatou a partida.

A equipa checoslovaca era compacta e defendia muito bem. Assim sendo, foi conseguindo adiar o segundo golo canarinho por diversas vezes. Ainda assim, aos 69 minutos, Zito quebrou finalmente a cortina checoslovaca e fez o 2-1 para os brasileiros.

Esse golo decidiu o jogo, pois os europeus foram incapazes de reagir, sofrendo ainda um terceiro golo, apontado por Vává (78′).

Pouco depois terminava o desafio e o campeonato do mundo. O Brasil era bicampeão muito graças à magia de um grande senhor do futebol: Mané Garrincha.

Números do Mundial 1962

Campeão: Brasil

Vice-Campeão: Checoslováquia

Terceiro Classificado: Chile

Quarto Classificado: Jugoslávia

Eliminados nos Quartos de Final: Alemanha Ocidental, União Soviética, Hungria e Inglaterra

Eliminados na Fase de Grupos: Uruguai, Colômbia, Itália, Suíça, México, Espanha, Argentina e Bulgária

Melhor Marcador: Jerkovic (Jugoslávia) – 5 golos

Equipa do Mundial 1962: Schrojf (Checoslováquia); Djalma Santos (Brasil), Mauro (Brasil), Sánchez (Chile) e Schnellinger (RFA); Voronin (URSS) e Masopust (Checoslováquia); Garrincha (Brasil), Bobby Charlton (Inglaterra), Albert (Hungria) e Vává (Brasil).

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Quatro anos depois dos deuses magiares terem caído na final diante da Alemanha Ocidental, o mundo voltava a assistir a uma equipa de artistas, que chegou à Suécia com ambições moderadas, mas iria deixar a Escandinávia como uma das mais fascinantes selecções que há memória. O Brasil, principalmente após a inclusão de Garrincha e Pelé (então com 17 anos), foi uma autêntica máquina de ataque que não deu hipóteses aos seus adversários e deslumbrou todos os que tiveram a felicidade de os ver ao vivo. Após um percurso com apenas um empate (diante da Inglaterra e ainda sem Garrincha e Pelé), os brasileiros conquistaram o título, na final, diante da Suécia (5-2), provando que, por vezes, o bom futebol, para além da imortalidade, também é recompensado com títulos…

Primeira Fase

Depois do estranho modelo do Mundial 1954, com cabeças de série, o Mundial 58 voltou a um sistema de quatro grupos de quatro, mas com todos a jogarem contra todos. Ainda assim, manteve-se a nuance  que, em caso de igualdade pontual entre segundo e terceiro, estes voltariam a fazer um jogo de desempate.

No Grupo A, a Alemanha Ocidental, campeã em título, seguiu em frente como líder do grupo, após vencer a Argentina (3-1) e empatar com Checoslováquia (2-2) e Irlanda do Norte (2-2). Checoslovacos e irlandeses, empatados no segundo lugar, defrontaram-se, em jogo de desempate, para decidir quem acompanhava os germânicos na passagem aos quartos de final. Aí, os irlandeses foram mais felizes e seguiram em frente após vencerem (2-1). Já os argentinos, além de terminarem em último lugar no grupo, ainda foram recebidos no aeroporto de Buenos Aires com vaias e pedras, obrigando a polícia a escoltá-los até às suas residências.

Por outro lado, no Grupo B, França e Jugoslávia seguiram em frente, enquanto Paraguai e Escócia foram eliminados. Os franceses perderam com a Jugoslávia (2-3), mas venceram Paraguai (7-3) e Escócia (2-1), enquanto os jugoslavos, depois da vitória com os franceses, deram-se ao luxo de empatar com Escócia (1-1) e Paraguai (3-3) e, mesmo assim, apurarem-se para os quartos de final.

No Grupo C, a Suécia aproveitou o factor casa e venceu o agrupamento após vencer o México (3-0) e Hungria (2-1) e empatar a zero com o País de Gales. Empatados no segundo lugar, galeses e magiares fizeram um jogo de desempate e, aí, de forma surpreendente, os britânicos venceram por duas bolas a uma e acompanharam os escandinavos no apuramento para a fase seguinte.

Por fim, no Grupo D, o Brasil foi o líder incontestado após vitórias diante da Áustria (3-0) e União Soviética (2-0) e um nulo diante da Inglaterra (primeiro nulo num Mundial de futebol). Empatados no segundo lugar, soviéticos e ingleses tiveram de fazer um jogo de desempate. Tratavam-se de duas equipas desfalcadas, pois os russos estavam privados de Streltsov (fabuloso avançado do Torpedo), que havia sido acusado de violação e ficou num campo de concentração siberiano até… 1962 e os ingleses haviam perdido grande parte dos jogadores do Manchester United num desastre de avião. No desempate, a União Soviética venceu por 1-0 e seguiu em frente.

Quartos de Final

O Brasil esperava, por certo, vencer com maior facilidade o País de Gales, todavia, a bem organizada equipa galesa, foi dificultando a vida dos canarinhos, que viram a situação desbloqueada, aos 65 minutos, com um golo de Pelé. Com uma magra vitória por 1-0, os brasileiros seguiam para as meias finais.

Quem continuava a surpreender era a França e, principalmente, o seu goleador Just Fontaine. Após fazer seis golos na primeira fase, o avançado de origem marroquina bisou e ajudou os gauleses a vencerem a Irlanda do Norte por quatro bolas a zero.

Por outro lado, a Alemanha Ocidental manteve-se fria e calculista, desvencilhando-se da Jugoslávia (1-0), graças a um golo solitário de Rahn.

Por fim, a Suécia mostrou que tinha uma excelente geração de jogadores e venceu a União Soviética por duas bolas a zero, continuando a perseguir o sonho de chegar à final.

Meias-Finais

Na primeira semi-final, o Brasil defrontou a França e os oito golos do gaulês Fontaine impunham respeito. Contudo, o Brasil, liderado pelo jovem Pelé (fez hat-trick) fez uma excelente exibição e esmagou os franceses (5-2), seguindo para a final.

No outro jogo, a Suécia surpreendeu o mundo e eliminou o campeão do mundo em título: Alemanha Ocidental. Os suecos venceram os germânicos por 3-1 e o sonho do título ficava à distância de um jogo.

Terceiro e Quarto Lugar

Desiludida com a eliminação diante da Suécia, a República Federal da Alemanha não conseguiu arranjar grande motivação para este duelo diante da França. Para piorar o panorama, os alemães tiveram o azar de defrontarem um avançado que, apesar de já ter feito nove golos no mundial, continuava com fome de tentos: Just Fontaine. Assim sendo, foi um desafio sem grande história com os gauleses a vencerem (6-3) e Fontaine a marcar mais quatro golos, terminando o Mundial com 13 golos apontados, um número que, até hoje, nunca foi batido.

Final* Brasil 5-2 Suécia

O entusiasmo em torno da final era grande. Afinal, defrontavam-se a equipa anfitriã e o Brasil, a equipa que mais havia fascinado os adeptos. Para terem uma ideia da loucura inerente ao desafio, três horas antes do apito inicial do francês Maurice Guigue, já o Estádio se encontrava repleto.

A Suécia até entrou melhor e abriu o activo por Liedholm, aos três minutos. Este jogador tinha 36 anos e havia ficado fora de outros mundiais por se ter tornado profissional pelo Milan. Entretanto, havia feito uma promessa que, se jogasse algum campeonato do mundo, raparia o cabelo. Assim, foi de cabeça totalmente rapada que capitaneou a selecção escandinava e marcou o primeiro golo da final.

A perder o Brasil reagiu. Primeiro foi um bis de Vavá e, depois, um dos golos mais fantásticos da história do futebol. Um lance repetido vezes sem conta em que Pelé tocou a bola por cima de Bergmark e, sem deixar cair a bola no chão, desferiu um remate colocado sem hipóteses para o guarda-redes Svensson.

Com o 3-1 no marcador, percebeu-se que a vitória não fugiria aos brasileiros. Assim, seguiu-se o 4-1 de Zagallo e nem a redução de Simonsson assustou os canarinhos que, sobre o final, viram Pelé fazer o 5-2 final.

Terminado o desafio, Pelé, grande responsável pela vitória canarinha, iniciou um choro compulsivo e saiu nos ombros dos companheiros, quase desfalecendo de emoção. Bellini, o capitão brasileiro, recebeu, depois, a Taça Jules Rimet das mãos do Rei Gustavo da Suécia, erguendo-a, institivamente, aos céus, como que agradecendo aos deuses do futebol. Esse gesto perdurou para todo o sempre e, até hoje, é imitado por todos os capitães campeões do mundo.

Números do Mundial 1958

Campeão: Brasil

Vice-Campeão: Suécia

Terceiro Classificado: França

Quarto Classificado: RFA

Eliminados nos Quartos de Final: Jugoslávia, País de Gales, União Soviética e Irlanda do Norte

Eliminados na Fase de Grupos: Checoslováquia, Argentina, Hungria, México, Paraguai, Escócia, Inglaterra e Áustria

Melhor Marcador: Just Fontaine (França) – 13 golos

Equipa do Mundial 1958: Gilmar (Brasil); Bergmark (Suécia), Bellini (Brasil) e Nilton Santos (Brasil); Zito (Brasil) e Didi (Brasil); Garrincha (Brasil), Hamrin (Suécia), Pelé (Brasil), Kopa (França) e Fontaine (França).

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O Mundial 1954, disputado na Suíça, parecia destinado à magnífica selecção magiar, uma equipa que foi, sem dúvida, a mais extraordinária da primeira metade dos anos 50. A Hungria não perdia desde Junho de 1950, havia vencido os Jogos Olímpicos de 1952 e cometido a proeza de golearem os ingleses por 6-3 (em Wembley) e 7-1 (em Budapeste). Depois de ter vencido a Alemanha Ocidental na primeira fase por 8-3, os magiares voltaram a encontrar os germânicos na final e ninguém acreditava noutro resultado que não uma nova vitória da grande selecção de Puskas, Kocsis e Hidegkuti. Todavia, em Berna, um novo país, acabado de renascer das cinzas da 2ª Guerra Mundial acabava com o reinado daqueles que eram considerados os deuses do futebol. A Alemanha Ocidental vencia a Hungria por 3-2 e sagrava-se campeã do mundo de futebol.

Primeira Fase

O Mundial 1954 teve uma primeira fase no mínimo curiosa. As 16 selecções participantes foram divididas, naturalmente em quatro grupos de quatro, contudo, em vez de jogarem todos contra todos, criou-se um sistema de dois cabeças de série e dois não cabeças de série que não jogavam entre si. Assim, num grupo de quatro equipas, cada uma apenas fazia dois jogos. Depois, se o segundo e terceiro classificado acabassem empatados, teriam de fazer um jogo de desempate, mesmo que já tivessem jogado entre si. Isto explica o facto de RFA e Suíça terem jogado e vencido, por duas vezes, turcos e italianos para seguirem para os quartos de final.

No Grupo A, os cabelas de série foram Brasil e França, que defrontaram Jugoslávia e México. Neste agrupamento, apuraram-se o Brasil que empatou com a Jugoslávia (1-1) e venceu o México (5-0) e os jugoslavos que, além do empate com os canarinhos, surpreenderam a França (1-0). Neste grupo aconteceu uma história curiosa. O Brasil e a Jugoslávia qualificaram-se empatando entre si, mas os sul-americanos não sabiam que o empate lhes bastava e foram chorar para o balneário até que alguém lhes explicou que, afinal, tinham passado aos quartos de final.

No Grupo BHungria e Turquia defrontaram RFA e Coreia do Sul. Os magiares limitaram-se a passear superioridade e golearam a RFA (8-3) e a Coreia (9-0). No entanto, os turcos, que também golearam os coreanos, mas por 7-0, perderam com a Alemanha Ocidental (1-4) e, assim, tiveram de defrontar novamente os germânicos num jogo de desempate. Aí, os alemães voltaram a ser mais fortes, goleando os turcos (7-2) e acompanhando os hungaros no apuramento para a fase seguinte.

No Grupo C, Uruguai e Áustria, cabeças de série, confirmaram o favoritismo e superiorizaram-se à Escócia e à Checoslováquia. Os uruguaios venceram a Checoslováquia (2-0) e a Escócia (7-0) e os austríacos venceram os escoceses por uma bola a zero e os checoslovacos por cinco bolas a zero. Assim sendo, com duas vitórias e sem sofrerem qualquer golo, Uruguai e Áustria seguiram para os quartos de final.

Por fim, no Grupo D, A Inglaterra e a Itália foram designados como cabeças de série e defrontaram Suíça e Bélgica. Os britânicos apuraram-se em primeiro lugar, após um empate com a Bélgica (4-4) e uma vitória diante da Suíça (2-0). No entanto, a squadra azzurra, perdeu com os helvéticos (1-2) e, assim, mesmo tendo vencido os belgas (4-1), tiveram de jogar com a Suíça um duelo para desempate. Nesse encontro, os anfitriões supreenderam os italianos (4-1) e seguiram em frente.

Quartos de Final

A primeira partida dos quartos de final foi o ÁustriaSuíça, em Lausana. A equipa anfitriã entrou muito bem e, aos 23 minutos, já vencia por três bolas a zero. Contudo, até ao intervalo, os austríacos conseguiram dar a volta e chegaram ao descanso a ganhar 5-4… Na segunda metade, a Áustria manteve a superioridade e acabou por vencer o encontro (7-5).

Em Basileia, o Uruguai, que continuava imbatível em campeonatos do mundo, defrontou a Inglaterra e continuou a mostrar ser uma selecção de topo, pois venceu os britânicos por quatro bolas a duas.

Intenso foi o duelo entre Hungria e Brasil, que terminou com a vitória magiar por quatro bolas a duas. Um húngaro (Bozsik) e dois brasileiros (Nilton Santos e Humberto) foram expulsos e o jogo ficou conhecido como “A batalha de Berna”. A pancadaria chegou mesmo às cabinas onde os seleccionadores se agrediram e Puskas acertou com uma garrafa no brasileiro Pinheiro, que, por isso, teve de levar três pontos na cabeça.

Por fim, a Alemanha Ocidental venceu a Jugoslávia (2-0) e também garantiu o bilhete para as semi-finais.

Meias-Finais

Na primeira semi-final, começou a pairar a ideia que a Hungria estava tão convencida da sua superioridade sobre todos os adversários, que poderia vir a ter um dissabor. No duelo diante do Uruguai, chegaram ao 2-0 no início da segunda metade e começaram a descansar. Aproveitando esse factor, os sul-americanos que, lembre-se, ainda não haviam perdido nenhum jogo em campeonatos do mundo, apoiaram-se na raça do seu futebol e empataram graças a um bis de Holberg. Com o desafio empatado nos noventa minutos, foi necessário jogar o prolongamento e, aí, os magiares foram mais fortes, vencendo por 4-2. Era o primeiro aviso que os húngaros poderiam, afinal, descer à terra.

Pouca história teve a segunda meia-final. Em Basileia, a Alemanha Ocidental, em claro crescente de forma, goleou a Áustria (6-1) e seguiu calmamente para a final do Mundial.

Terceiro e Quarto Lugar

O Uruguai, desiludido pela impossibilidade de disputar a final, teve pouca motivação para a disputa deste encontro e, assim, foi sem surpresa que acabou por perder com a Áustria (1-3), terminando o Mundial 1954 na quarta posição. Por outro lado, a Áustria, graças a estre triunfo, conseguia a melhor classificação de sempre, o terceiro lugar.

Final* RFA 3-2 Hungria

A Hungria entrou neste jogo motivada, mas com uma grande preocupação. Puskas, que havia falhado os jogos com o Brasil e Uruguai, após ter sido lesionado pelos alemães no jogo da primeira fase, continuava diminuido. No entanto, o “Major Galopante”, mesmo coxo, pediu para jogar o encontro decisivo.

Tudo começou bem para os magiares que, aos oito minutos, já venciam por 2-0, graças aos golos de Puskas (6′) e Czibor (8′), contudo, demorou pouco a felicidade da Hungria, pois a Alemanha Ocidental rapidamente empatou com golos de Morlock (10′) e Rahn (18′).

Apesar de, tecnicamente, os hungaros serem muito superiores ao seu adversário, os alemães mostravam uma forma física impressionante, que, na altura, levantou tantas suspeitas que a FIFA, a partir do mundial seguinte, passou a instaurar o controlo anti-doping.

Com o passar do tempo, a sua superioridade física foi se tornando decisiva e, aos 84 minutos, Rahn bisou e fez o 3-2. Pouco depois, terminou a partida com a surpreendente vitória da República Federal da Alemanha.

Quem assistiu a este Mundial e teve o prazer de ver jogar a Hungria, afirma que o futebol cometeu a proeza de não coroar os deuses do jogo. No entanto, a história tem sido mais generosa e a equipa magiar continua a ser lembrada como uma das equipas mais inovadoras e geniais de todos os tempos.

Números do Mundial 1954

Campeão: RFA

Vice-Campeão: Hungria

Terceiro Classificado: Áustria

Quarto Classificado: Uruguai

Eliminados nos Quartos de Final: Suíça, Inglaterra, Brasil e Jugoslávia

Eliminados na Fase de Grupos: França, México, Turquia, Coreia do Sul, Checoslováquia, Escócia, Itália e Bélgica

Melhor Marcador: Kocsis (Hungria) – 11 golos

Equipa do Mundial 1954: Grocics (Hungria); Santamaria (Uruguai), Varela (Uruguai e Andrade (Uruguai); Bozsik (Hungria), Liebrich (RFA) e Czibor (Hungria); Kocsis (Hungria), Fritz Walter (RFA), Rahn (RFA) e Hidegkuti (Hungria). 

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No dia 16 de Julho de 1950, o Brasil, segundo o antropólogo Roberto da Matta, viveu “a maior tragédia da sua história contemporânea”. Num desafio diante do Uruguai, em que lhe bastava um empate para se sagrar campeão mundial, o Brasil perdeu (1-2), em pleno Maracanã, e deixou um país inteiro a chorar. O Uruguai vencia, assim, o primeiro campeonato do mundo do pós 2ª Guerra Mundial, um campeonato no rescaldo de um planeta em ruínas e que podia ter assistido à primeira participação de Portugal, convidado para suprimir as muitas desistências existentes. No entanto, os portugueses, em pleno Estado Novo, alegaram dificuldades logísticas e, acima de tudo, a incapacidade de aceitarem participar em algo, para o qual não tinham garantido, no campo, legitimidade para o fazer.

Primeira Fase

Neste campeonato do mundo disputado no Brasil, voltou-se a um modelo com fase de grupos. A ideia era dividir 16 selecções em quatro grupos de quatro, todavia, a desistência de Índia, Escócia e Turquia, deixou o Mundial com apenas 13 participantes. Curiosa foi a desistência dos indianos, que abandonaram a prova após a FIFA recusar o seu pedido para jogarem descalços.

Curiosamente, o organismo que tutela o futebol mundial, em vez de minimizar as coisas, deixou tudo como estava, limitando-se a suprimir as selecções desistentes. Assim sendo, os grupos A e B contaram com quatro selecções, o C com três e o D ficou com apenas duas selecções.

No Grupo A, o Brasil defrontou Jugoslávia, Suíça e México e confirmou o favoritismo vencendo o agrupamento. Um empate com a Suíça (2-2) não manchou o excelente percurso demonstrado nas vitórias diante do México (4-0) e Jugoslávia (2-0).

Por outro lado, no Grupo B, a Espanha demonstrou superioridade, vencendo Estados Unidos (3-1), Chile (2-0) e Inglaterra (1-0) e apurando-se para a fase seguinte. Neste agrupamento, temos de destacar a escandalosa derrota dos ingleses com os americanos por uma bola a zero. Esse resultado pareceu tão inacreditável que alguns meios de comunicação ingleses, quando o receberam, pensavam que era engano e publicaram que a Inglaterra havia vencido por… 10-1!

Grupo C, que era para ter a participação indiana, ficou reduzido a três selecções: Suécia, Itália e Paraguai com o favoritismo a ir todo para a squadra azzurra. No entanto, a Suécia surpreendeu a Itália e venceu por 3-2. Esse resultado, aliado a um empate diante dos sul-americanos (2-2), garantiu o apuramento escandinavo para o grupo final.

Por fim, tivemos o curioso Grupo D, que de grupo tinha muito pouco. Com as desistências de Escócia e Turquia, o agrupamento ficou reduzido a Bolívia e Uruguai e, no único jogo realizado, a equipa azul celeste venceu os bolivianos por oito bolas a zero, qualificando-se para a fase final.

Grupo Final

Ao contrário das edições anteriores que contaram com meias finais e final, este Mundial colocou as quatro equipas num grupo final em que iriam jogar todos contra todos.

Nos primeiros dois jogos, Brasil e Uruguai defrontaram a Suécia e a Espanha, mas tiveram resultados bem diferentes. Os canarinhos “esmagaram” a Suécia por sete bolas a uma e a Espanha por seis bolas a uma, enquanto os uruguaios empataram com a Espanha (2-2) e venceram, a Suécia, à tangente (3-2).

Assim sendo, depois da Suécia ter vencido a Espanha por 3-1 e conquistado o terceiro lugar, brasileiros e uruguaios defrontaram-se para a conquista do título mundial.

Jogo Decisivo* Brasil 1-2 Uruguai

Com um ponto de vantagem, os brasileiros sabiam que lhes bastava um empate para conquistarem, em casa, o campeonato do mundo. Depois, como tinham goleado Espanha e Suécia, os brasileiros estavam em delírio e não colocavam sequer em causa a possibilidade de perderem o jogo decisivo.

A confiança era tal que, no dia da final, o jornal brasileiro “O Mundo” tinha uma foto da selecção brasileira com as seguintes palavras: “Estes são os novos campeões do Mundo.” Estas situações foram enervando os uruguaios e o seu capitão Obdulio Varela, quando viu essa capa, atirou-a ao chão, urinou-lhe para cima e atirou, de forma profética: “Eu nunca perdi uma final antes de jogar.”

Mal começou o jogo, percebeu-se que o Brasil tinha muito melhor equipa que o Uruguai e lançou-se rapidamente ao ataque. No entanto, o golo brasileiro só chegou ao minuto 46, por intermédio de Friaça.

Esse golo lançou o Maracanã em delírio e os jornalistas presentes no evento começaram a fazer manchetes com a virtual vitória brasileira. Doze minutos depois, Schiaffino empatou a partida, mas nem esse golo adormeceu a festa canarinha.

Contudo, aos 79 minutos, surgiu o que ninguém imaginou possível. Ghiggia, descaído para o flanco direito, atirou cruzado e Barbosa acabou batido pela segunda vez. O Uruguai vencia (2-1) e as duzentas mil pessoas presentes no Maracanã ficaram em completo silêncio.

Abalados pelo segundo golo azul celeste, os brasileiros foram incapazes de reagir e acabaram por perder o Mundial diante de uma selecção francamente inferior, mas que nunca deixou de acreditar em si própria. O povo brasileiro ficou, assim, mergulhado numa depressão profunda, que só seria aliviada, em 1958, com a conquista do título mundial.

Acabava, assim, o Mundial em que, segundo Jules Rimet: “Tudo esteve previsto menos a vitória do Uruguai…” 

Números do Mundial 1950

Campeão: Uruguai

Vice-Campeão: Brasil

Terceiro classificado: Suécia

Quarto Classificado: Espanha

Eliminados na fase de grupos: Jugoslávia, Suíça, México, Inglaterra, Chile, Estados Unidos, Itália, Paraguai e Bolívia

Melhor Marcador: Ademir (Brasil) – 8 golos

Equipa do Mundial 1950: Ramallets (Espanha); Bauer (Brasil), Andrade (Uruguai) e M. González (Uruguai); Zizinho (Brasil), Varela (Uruguai), Tejera (Uruguai) e Skoglund (Suécia); Ghiggia (Uruguai), Jair (Brasil) e Ademir (Brasil)

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Com o mundo em rebuliço, mais que o Mundial desejado este foi o Mundial possível. A Espanha, dizimada pela Guerra Civil, recusou participar, a Áustria, invadida pela Alemanha, foi, também, impossibilitada de entrar na competição e argentinos e uruguaios também recusaram viajar até França, pois sentiram-se traídos por Jules Rimet que havia prometido a alternância de continentes entre Europa e América do Sul, faltando, depois, à palavra. Com tantas ausências, a que se juntava a já habitual ausência inglesa, este Mundial disputado em França facilitou a tarefa italiana que, assim, se assumiu como a grande potência futebolística da época. Mesmo num país hostil, com os franceses a protestarem por todo o lado contra os italianos, a squadra azzurra confirmou a sua enorme qualidade e tornou-se bicampeã do mundo.

Oitavos de Final

O modelo deste campeonato do mundo foi uma cópia exacta do Mundial anterior, disputado em Itália e, assim, a competição foi disputada em jogos a eliminar até à final. A única diferença foi a presença de apenas 15 selecções, pois a Áustria, que havia sofrido o “Anschluss” (anexação germânica), foi impedida, à última hora, de participar no certame. Assim sendo, a Suécia, que iria defrontar os austríacos, apurou-se automaticamente para os quartos de final.

Em Paris, disputou-se um dos mais interessantes encontros desta ronda, opondo Alemanha (reforçada com atletas austríacos) e Suíça. Num jogo equilibrado, a partida terminou (1-1) após prolongamento e foi necessário jogo de desempate. Na partida decisiva, Hitler esteve de ouvido colado ao rádio até ao 2-0 para os germânicos. Convencido da superioridade alemã, recusou-se a ouvir o resto do jogo, pedindo, apenas, que lhe dissessem o resultado final. Imaginem como se deve ter sentido quando lhe disseram que a Alemanha acabou por perder (2-4) com a Suíça e que havia sido eliminada da competição.

Em Toulouse, a Roménia defrontava uma desconhecida selecção de Cuba, que, com tantas desistências, participava sem ter feito fase de qualificação. No primeiro jogo, cubanos e romenos empataram a três bolas, num jogo em que o guarda-redes Caravajales foi o grande herói com defesas atrás de defesas que impediram a vitória da Roménia. No entanto, no jogo de desempate, todos estranharam a ausência do guarda-redes cubano. Pensou-se que estivesse lesionado ou doente, mas, na verdade, apenas tinha aceito o convite da rádio cubana para comentar o jogo. Curiosamente, mesmo sem Caravajales, Cuba venceu 2-1 e seguiu para os quartos.

Por outro lado, a Hungria, em Reims, goleou a selecção das Índias Orientais Holandesas (actual Indonésia) por seis bolas a zero, num jogo sem história e que demonstrou a gritante diferença de valor entre os dois conjuntos.

Grande superioridade também demonstrou a equipa da casa, a França, que venceu a Bélgica por três bolas a uma, mas podia ter vencido por muitos golos mais.

Nos restantes jogos, destaque para todos terem sido decididos após prolongamento. A Checoslováquia venceu a Holanda por 3-0; a Itália sofreu imenso para vencer a Noruega por 2-1 (após 1-1 nos 90 minutos); e o Brasil venceu a Polónia num jogo fantástico por 6-5, após um empate a quatro bolas no tempo regulamentar.

Quartos de Final

A Suécia que havia garantido o apuramento directo para os quartos devido à ausência austríaca, defrontou, nesta fase, a surpreendente equipa de Cuba. Depois da eliminação da Roménia, esperava-se que os cubanos dessem trabalho aos suecos, mas, na verdade, apenas deram trabalho aos jornalistas que tiveram dificuldade em apontar todos os marcadores dos oito golos da equipa escandinava. Os cubanos despediam-se, assim, do Mundial, com uma pesada derrota por oito bolas a zero.

Por outro lado, o Brasil defrontou a Checoslováquia em Toulouse e o jogo foi uma autêntica batalha campal com três expulsões (duas para os sul-americanos e uma para os europeus). A partida terminou empatada a uma bola e foi necessário disputar um jogo de desempate, que foi bem diferente do primeiro encontro, pois a agressividade havia sido tão grande na primeira partida, que os brasileiros tinham nove jogadores lesionados e os checoslovacos oito. Nesse segundo jogo, os brasileiros foram mais fortes (em termos futebolísticos…) e venceram por duas bolas a uma.

Nas restantes partidas da ronda, a Itália confirmou a sua candidatura ao bicampeonato ao vencer, em Paris, a França, por três bolas a uma; e a Hungria superiorizou-se ao carrasco dos germânicos, a Suíça, por duas bolas a zero.

Meias-Finais

Itália e Brasil disputaram a presença na final do Mundial em Marselha e a confiança era elevada na comitiva canarinha. Os brasileiros acreditavam de tal maneira na sua superioridade, que o seleccionador Ademar Pimenta, optou por fazer descansar Tim (o armador de jogo) e o goleador e estrela da equipa: Leónidas da Silva. No entanto, a Itália acabou por vencer o jogo por duas bolas a uma e, assim, os brasileiros acabaram por pagar a sua arrogância. No dia seguinte, “La Gazzetta dello Sport”, prestigiado jornal desportivo italiano, exaltou a vitória com um título que punha a nu a ideologia fascista: “Saudamos o triunfo da inteligência italiana sobre a força bruta dos negros.” Afinal, estávamos em vésperas da 2ª Guerra Mundial.

Menos emocionante foi a outra meia-final, pois a Hungria, em Paris, venceu a Suécia por 5-1. Curiosamente, os suecos até marcaram logo no primeiro minuto, mas, depois, acabaram “atropelados” pelo futebol ofensivo dos magiares.

Terceiro e Quarto Lugar

Tal como no Mundial anterior, voltou a disputar-se um encontro de atribuição do terceiro e quarto lugar. Já com Leónidas da Silva em campo, o Brasil venceu a Suécia por quatro bolas a duas. Os suecos, tal como no encontro com os húngaros, voltaram a estar em vantagem (2-0), mas acabaram por, uma vez mais, permitirem a cambalhota no marcador.

Final * Itália 4-2 Hungria

Na final, a Itália tinha uma enorme vantagem física sobre o seu adversário, a Hungria. Os italianos haviam sido os únicos a viajarem de avião entre os jogos, pois tinham uma aeronave para o efeito, disponibilizada por Mussolini.

Durante o jogo decisivo, notou-se que, apesar das equipas serem equilibradas do ponto de vista técnico, a superioridade física e táctica dos italianos era abissal. Com uma entrada dominadora, os italianos chegaram rapidamente à vantagem por Colaussi (6′) e nem o golo do empate de Titkos (8′) parou a locomotiva azzurra que, até ao intervalo, fez mais dois golos (Piola 16′ e Colaussi 35′) e chegou ao descanso a ganhar 3-1.

Na segunda metade, a Hungria ainda reduziu, aos 70 minutos, por Sarosi, mas esse golo de pouco valeu aos magiares, pois, doze minutos mais tarde, Piola fez o 4-2 final e acabou com as dúvidas sobre o vencedor do Mundial 1938.

Bicampeões do mundo, os italianos, quando chegaram a Roma foram recebidos em delírio e receberam, pela conquista do Mundial, 8000 liras. Um ano depois, estoirou a 2ª Guerra Mundial e o campeonato do mundo só regressaria em 1950.

Números do Mundial 1938

Campeão: Itália

Vice-Campeão: Hungria

Terceiro classificado: Brasil

Quarto classificado: Suécia

Eliminados nos quartos de final: Cuba, França, Suíça e Checoslováquia

Eliminados nos oitavos de final: Alemanha, Roménia, Holanda, Bélgica, Índias Orientais Holandesas (actual Indonésia), Noruega e Polónia

Melhor Marcador: Léonidas (Brasil) – 8 golos

Equipa do Mundial 1938: Planicka (Checoslováquia); Domingos (Brasil) e Rava (Itália); Zezé (Brasil), Andreolo (Itália) e Locatelli (Itália); Sarosi (Hungria), Meazza (Itália), Biavati (Itália), Titkos (Hungria) e Leónidas (Brasil).

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O lema de “Il Duce” Benito Mussolini para este Mundial em solo europeu era simples e objectivo: “Vencer ou Morrer”. O ditador fascista empenhou-se para que o segundo campeonato do mundo servisse para exaltar a nova Itália que estava a construir e, acima de tudo, para que os italianos ganhassem a competição. Funcionando como um décimo segundo jogador, Mussolini escolheu árbitros e naturalizou quatro argentinos e um brasileiro, ajudando à conquista do Mundial por parte do país anfitrião. Assim sendo, num Mundial que não contou com o detentor do título (o Uruguai recusou-se a participar, pois a Itália havia feito o mesmo quatro anos antes) e que estreou uma seleção africana (Egipto), o título sorriu, novamente, à equipa da casa.

Oitavos de Final

Desta vez com a presença de desasseis selecções, o comité organizador abdicou da fase de grupos e optou por jogos a eliminar desde o primeiro momento. Outra curiosidade, foi o facto de, em cada eliminatória, os jogos serem sempre no mesmo dia e à mesma hora. Estávamos, obviamente, longe da época das ditaduras televisivas.

A Itália defrontou os Estados Unidos em Roma e provou que, apesar da mãozinha de “Il Duce”, tinha uma selecção de qualidade, goleando os norte-americanos por sete bolas a uma.

Em Trieste, a Checoslováquia teve um encontro duro diante da Roménia e esteve mesmo a perder (0-1), graças a um golo de Dobay (11′). No entanto, Puc (50′) e Nejedly (67′), deram a volta ao marcador e garantiram a passagem dos checoslovacos.

O primeiro jogo em campeonatos do mundo com necessidade de prolongamento foi o Áustria-França, disputado em Turim. Depois de um 2-2 no tempo regulamentar, os austríacos foram mais felizes no tempo extra e acabaram por vencer por três bolas a duas

O Brasil, que não havia passado da primeira fase em 1930, voltou a desiludir, sendo eliminado, em Génova, pela Espanha (1-3).

Alemanha, na sua estreia em mundiais, venceu, em Florença, a Bélgica por 5-2 e assumia-se, na altura, como uma das candidatas à vitória final.

Em San Siro, a Suíça mostrou ser mais forte que a Holanda e venceu por três bolas a duas.

Bolonha assistiu à escandalosa eliminação da Argentina, vice-campeã do mundo, aos pés da Suécia. Uma derrota (2-3) obrigou os argentinos a viajar rapidamente para casa.

Por fim, em Nápoles, a Hungria venceu o Egipto por quatro bolas a duas, num jogo em que os hungaros esperariam, por certo, um adversário mais fácil do que se revelaram os norte-africanos.

Quartos de Final

Após a primeira ronda, apenas restavam equipas europeias e, nos quartos de final, todos os jogos foram equilibrados e emocionantes.

A Itália defrontou uma fabulosa equipa de Espanha em Florença e, após prolongamento, não foi além de um empate a uma bola. Como neste torneio não havia lugar a desempates por penáltis, foi necessário um segundo jogo e, aí, a equipa anfitriã mostrou-se mais forte e venceu por 1-0, graças a um golo de Meazza.

Em Milão, a Alemanha passou mais uma barreira, após vencer a Suécia por duas bolas a uma. Ainda assim, os suecos, de quem pouco se esperava, abandonaram o Mundial com a cabeça bem levantada.

Nesta ronda, um dos jogos mais interessantes foi, sem dúvida, o Áustria-Hungria. Defrontavam-se dois países que, até ao final da primeira guerra mundial, estavam unidos no Império Austro-Húngaro e a vitória acabou por sorrir aos austríacos (2-1).

Por fim, Turim assistiu à eliminação da Suíça que não resistiu ao maior poder da Checoslováquia e perdeu (2-3).

Meias-Finais

A Itália defrontou a Áustria nas semi-finais do Mundial e não teve um jogo nada fácil. Apesar de ter feito um golo cedo por Guaita (21′), o resto do jogo foi extremamente duro e os italianos tiveram de sofrer bastante para garantirem, em Milão, o apuramento para a final.

Na outra meia-final, disputada em Roma, a Checoslováquia não deu hipóteses à Alemanha e venceu por três bolas a uma. Nejedly foi o carrasco dos germânicos, pois fez os três golos da selecção checoslovaca.

Terceiro e Quarto Lugar

Este Mundial foi o primeiro a ter um jogo para decidir o terceiro e o quarto classificado. Em Nápoles, num jogo considerado de pouco interesse, a Alemanha superiorizou-se à Áustria por 3-2 e conquistou o bronze neste campeonato do Mundo. Um encontro curioso, pois quatro anos mais tarde, a Áustria seria absorvida pela Alemanha e os seus jogadores iriam juntar-se aos alemães numa selecção comum.

Final * Itália 2-1 Checoslováquia

O grande sonho de Mussolini estava praticamente cumprido. A Itália havia chegado à final e, na opinião dos italianos, seria difícil que os checoslovacos colocassem em causa a vitória da equipa anfitriã.

No entanto, a Checoslováquia foi anulando os pontos fortes da squadra azzurra e, aos 70 minutos, surgiu um enorme balde de água fria para os adeptos da casa, quando Puc colocou a selecção checoslovaca em vantagem.

Além deste golo, a Checoslováquia havia enviado três bolas aos postes e a Itália parecia que ia perder o Mundial em plena Roma.

Contudo, aos 80 minutos, Orsi fez um golo milagroso. Um golo de tal maneira portentoso, que, no outro dia, tentando explicar como o fez aos fotógrafos, tentou por vinte vezes e jamais fez igual.

Graças a este tento, os italianos garantiram a ida ao prolongamento e, aí, com mais frescura física que o seu adversário, chegaram à vitória graças a um golo de Schiavio. A Itália sagrava-se, assim, pela primeira vez, campeã do mundo de futebol.

Números do Mundial 1934

Campeão: Itália

Vice-Campeão: Checoslováquia

Terceiro classificado: Alemanha

Quarto classificado: Áustria

Eliminados nos quartos de final: Suécia, Hungria, Espanha e Suíça

Eliminados nos oitavos de final: Estados Unidos, Roménia, Bélgica, França, Brasil, Argentina, Egipto e Holanda

Melhor Marcador: Nejedly (Checoslováquia) – 5 golos

Equipa do Mundial 1934: Zamora (Espanha); Monzeglio (Itália) e Quincoces (Espanha); Wagner (Áustria), Monti (Itália) e Cilaurren (Espanha); Meazza (Itália), Guaita (Itália), Conen (Alemanha), Orsi (Itália) e Nejedly (Checoslováquia)

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Jules Rimet, o então Presidente da FIFA, muito penou pela criação de um campeonato do Mundo e, após muitos anos de espera, esse torneio teria a sua estreia, em 1930, no Uruguai. Foi uma competição curiosa, pois não existiu fase de qualificação e todas as selecções participantes surgiram na competição por convite. Como nessa altura as viagens transatlânticas eram muito caras, nenhuma selecção europeia pretendia participar, mas, após a FIFA concordar em custear as despesas da travessia, quatro selecções do velho continente acabaram por viajar até à América do Sul: Bélgica, França, Roménia e Jugoslávia. A ausência de selecções europeias de topo, explicava-se por o amadorismo ainda imperar e, como tal, os jogadores não estarem dispostos a abandonarem os seus empregos para irem jogar uma competição, que, na época, não lhes ia dar dinheiro. Assim sendo, sem as grandes equipas da Europa e com o Brasil desfalcado dos jogadores paulistas (devido a uma quezília entre estes e os cariocas), a vitória acabou por sorrir à equipa da casa, o Uruguai.

Primeira Fase

Como o número de selecções participantes era ímpar (13), dividiram-se as equipas em quatro grupos desiguais. Um teria quatro equipas e os restantes três. Apenas se apuraria o primeiro de cada grupo para as meias-finais.

No Grupo 1, o único com quatro selecções, estavam Argentina, Chile, França e México. Os favoritos eram os argentinos e confirmaram esse favoritismo, após vencerem França (1-0), México (6-3) e Chile (3-1), ficando em primeiro lugar do grupo com nove pontos.

No Grupo 2, composto por Jugoslávia, Brasil e Bolívia, os jugoslavos acabaram por surpreender os brasileiros e qualificaram-se para as semi-finais. A equipa europeia venceu o Brasil (2-1) e a Bolívia (4-0), para conquistar o primeiro lugar.

No Grupo 3, o Uruguai não deu hipóteses a Peru (1-0) e Roménia (4-0) e venceu calmamente o grupo, mostrando, desde logo, que era um grande favorito à vitória final.

No Grupo 4, surgiu, provavelmente a maior surpresa da primeira fase da competição, com os Estados Unidos a superiorizarem-se a Bélgica (3-0) e Paraguai (3-0) e a apurarem-se para as meias finais do Campeonato do Mundo.

Meias-Finais

Na primeira meia-final, defrontaram-se Argentina e Estados Unidos em Montvideu. Nesse encontro, os argentinos não deram qualquer hipótese aos norte-americanos e venceram por 6-1, um resultado pesado  e que demonstrou claramente a diferença de valor entre as duas selecções.

Na segunda meia-final, a equipa da casa defrontava a Jugoslávia e esperava-se um jogo equilibrado depois dos europeus terem eliminado o Brasil na fase de grupos. Todavia, os uruguaios mostraram ser muito mais fortes que os jugoslavos e acabaram por golear (6-1), curiosamente o mesmo resultado da outra meia-final.

Final * Uruguai 4-2 Argentina

A competição terminava com um duelo entre aquelas que provaram ser as melhores equipas da competição desde o primeiro momento: Uruguai e Argentina. Assim sendo, esperava-se um grande jogo e, na verdade, essa suspeita confirmou-se.

A equipa da casa entrou melhor e, aos 12 minutos, colocou-se em vantagem com um golo de Dorado (12′). No entanto, a fortíssima equipa argentina deu a volta com golos de Peucelle (20′) e Stábile (37′).

A perderem ao intervalo, os uruguaios temiam perder a final na sua própria casa, todavia, numa segunda parte muito forte, o Uruguai soube empurrar a Argentina para o seu meio campo e acabou por marcar três golos (Cea 57′; Iriarte 69′; e Castro 89′), vencendo a partida por 4-2 e conquistando o primeiro Campeonato do Mundo.

Números do Mundial 1930

Campeão: Uruguai

Vice-Campeão: Argentina

Terceiros classificados: Estados Unidos e Jugoslávia

Eliminados na fase de grupos: Chile, França, México, Brasil, Bolívia, Roménia, Peru, Paraguai e Bélgica

Melhor Marcador: Guillermo Stábile (Argentina) – 8 golos

Equipa do Mundial 1930: Thepot (França); Nasazzi (Uruguai) e Mascheroni (Uruguai); Torres (Chile), Fausto (Brasil) e Juan Evaristo (Argentina); Peucelle (Argentina), Scarone (Uruguai), Stábile (Argentina), Cea (Uruguai) e McGhee (Estados Unidos)

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