Sim, é verdade! A época acabou e não foi o FC Porto que festejou. É estranho, não é? Os adeptos portistas foram habituados a ganhar e quando isso não acontece fica uma sensação de vazio. Esta época, infelizmente, os nossos adversários foram mais fortes e a nossa equipa acordou demasiado tarde.
Jesualdo Ferreira disse sempre que no fim faziam-se as contas. E, fazendo as contas, o FC Porto terminou na 3º posição, com 68 pontos, a oito do campeão e a três do vice-líder. Apesar de a boa recta final, os dragões não conseguiram garantir um lugar de acesso à Liga dos Campeões, o que será um rombo no orçamento.
Mas, afinal, o que correu mal? Comecemos pelo princípio!
O FC Porto partiu para esta temporada sem os dois melhores jogadores das últimas quatro temporadas: Lisandro e Lucho. O primeiro foi facilmente “esquecido” pelo adeptos, como mostram os 25 golos marcados por Falcao, embora sem “Licha” a equipa mudasse a sua forma de jogar. Lisandro López é um avançado mais móvel, que joga facilmente na ala e que vinha regularmente buscar a bola atrás, enquanto o colombiano é um atacante mais fixo.
Se na zona mais avançada a equipa não teve problemas, o mesmo não se pode dizer da linha intermédia. Durante quatro temporadas, o onze jogava ao ritmo de “El Comandante” e foi muito difícil colmatar a ausência do médio argentino. Em minha opinião, Rúben Micael veio tarde e Guarin impôs-se só perto do fim. Em relação a Belluschi, penso que é jogador que terá mais liberdade se jogar mais perto dos avançados.
Em segundo lugar, três jogadores preponderantes na época anterior estiveram em claro sub-rendimento: Bruno Alves, Raul Meireles e Cristian Rodriguez. O central, a quem se esperava que transmitisse a mística portista, passou a temporada amuado por não ter saído e teve atitudes pouco dignas de um capitão. Já os restantes tiveram uma série de lesões, o que prejudicou o seu rendimento.
Toquei num ponto sensível: as lesões. Por vezes, o sucesso de uma equipa depende da inteira disponibilidade dos jogadores mais preponderantes. E, nisso, Jesualdo Ferreira teve azar. Para além dos já referidos Meireles e Rodriguez, houve ainda as lesões de Varela, Rúben Micael, Fernando, Fucile e Farias. O centro de estágio do Olival mais parecia um hospital e a segunda linha foi incapaz de colmatar as ausências da primeira. E a juntar a isto, a suspensão de Hulk.
Devo ser o único adepto portista a considerar que a suspensão do avançado brasileiro foi justa e que a redução de 4 meses para 3 jogos foi uma palhaçada. Mas, a verdade, é que Hulk fez falta e com o seu regresso a equipa recuperou a alegria do jogar futebol.
Porém, acho que as lesões tiveram um aspecto positivo. Foi encontrada uma táctica alternativa, algo que estava a faltar, que favorece as características de Guarin, Rúben Micael, Bellushi e, até, do próprio Hulk.
Apesar de o gabinete de prospecção ter enfiado alguns barretes, como Prediguer e Valeri, também houve jogadores que mostraram que têm categoria para jogar no FC Porto. Falcao foi, sem dúvida, o melhor jogador portista esta época – para mim o terceiro melhor jogador da Liga, a seguir a Javi Garcia e Alan -; Alvaro Pereira faz lembrar Bosingwa, só que no lado oposto; Varela calou aqueles que punham em causa o seu valor; e Miguel Lopes demonstrou que seria titular indiscutível no lado direito da defesa, se não fosse a lesão que o afectou no início da época.
Agora, só nos resta conquistar a Taça de Portugal no próximo domingo. O adversário é teoricamente mais fraco, mas é certo que os jogadores do Chaves farão o jogo das suas vidas. Todos os cuidados são poucos, para o FC Porto salvar “a honra do convento”. Mesmo que se efective a conquista da Taça, a época continua a saber a pouco.
Por último, venho falar sobre o próximo treinador do FC Porto. Em minha opinião, penso que Jesualdo devia suceder a Jesualdo. O professor tem mais um ano e o FC Porto arrisca-se a pagar uma rescisão dispendiosa, em tempos de crise e sem os milhões da Champions. Por outro lado, o único treinador português com carisma para treinar os dragões, Domingos Paciência, deverá continuar em Braga, com o objectivo de levar o principal clube local à Liga dos Campeões. Nos últimos jogos, a equipa estava a demonstrar boa dinâmica em todos os sectores e isso poderá ser afectada com a mudança de treinador. É preciso não esquecer que Jesualdo Ferreira tem um bem sucedido passado de azul-e-branco e não é por não ser campeão, numa época em que nem sempre contou com os elementos preponderantes do plantel, que deixa de ser um treinador com qualidade.
Também penso que para a próxima época, Pinto da Costa deverá procurar um médio-defensivo e um lateral-esquerdo, em caso de lesões de Fernando e Alvaro Pereira. Há ainda dois jogadores, Ukra e Castro, que gostaria de ver no plantel principal no próximo ano.
P.S. Aproveito para dar os parabéns aos justos campeões nacionais. O FC Porto não foi pentacampeão, porque encontrou um super-Benfica. O segundo lugar também não foi possível, pois o Braga, que também está de parabéns, demonstrou estar ao nível dos principais clubes portugueses.