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Gaitán e Salvio são dois extremos que pensam e executam o futebol de maneira completamente diferente

Gaitán e Salvio são extremos que pensam e executam o futebol de maneira bem diferente

Na minha concepção de ver o desporto rei, existem dois tipos de extremos no futebol moderno: um extremo de linha e de profundidade, que costumamos chamar de “extremo puro”; e o extremo de diagonais e de constante procura do espaço interior, que classificamos como “falso extremo”.

Ora, em equipas que jogam declaradamente com dois alas/extremos, é normal que se procure actuar com um “extremo puro” e um “falso extremo”, situação que permite aumentar as soluções ofensivas, uma vez que as equipas poderão ir alternando pela lateralização ou interiorização da jogada, sendo que essa multiplicação de opções se torna ainda mais vincada se os alas tiverem a capacidade de trocar facilmente de flanco.

Aliás, quando olhamos para os “três grandes”, percebemos que todos optam regularmente por um extremo mais vertical num flanco e por outro com características opostas no outro:

Benfica -> Gaitán (falso-extremo) e Salvio (extremo puro)
FC Porto -> Brahimi (falso-extremo) e Tello/Quaresma (extremo puro)
Sporting -> Nani (falso-extremo) e Carrillo (extremo puro)

Claro que, dentro de cada estilo de extremo, existem sempre diferenças claras entre certos jogadores:

Por exemplo, Nico Gaitán pensa muito mais como um “dez” do que Nani, sendo que o internacional argentino é o exemplo mais emblemático da Liga de um falso ala-extremo que sabe compensar, em conjunto com as inteligentes recuos de Jonas, o facto do Benfica não usar um “dez” de raiz como era por exemplo Pablo Aimar.

Por outro lado, o MVP do Sporting em 2014/15, André Carrillo, apesar de ser preferencialmente um extremo de profundidade, é um jogador que consegue procurar zonas centrais com maior facilidade do que jogadores mais unidimensionais, como são Eduardo Salvio ou Tello, algo que até devia ser mais usado por Marco Silva, por forma de contrariar a excessiva lateralização de jogo ofensivo leonino.

Inegável, todavia, é que todos os debates para definir quem é o melhor extremo, que muitas vezes são iniciados por adeptos e comunicação social, pecam muitas vezes por isto mesmo, pela incapacidade de compreenderem que é tão complicado comparar Nani a Salvio como será comparar Jackson Martínez a Jonas, outros dois jogadores que actuam na mesma posição mas têm funções dentro do terreno que estão longe de ser semelhantes.

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