Evandro pouco tem jogado no FC Porto
Numa temporada em que o FC Porto fez um forte investimento para tentar recuperar o título que perdeu em 2013/14 para o Benfica, a grande maioria dos reforços chegou oriunda do estrangeiro, sendo que apenas três jogadores escaparam a essa ditadura, mais concretamente Rúben Neves, que veio das camadas jovens, assim como Ricardo (ex-Académica) e Evandro (ex-Estoril).
Sobre o médio-ofensivo brasileiro, aliás, depositavam-se enormes expectativas, uma vez que se tratava de um jogador que havia sido crucial nas boas campanhas do Estoril em 2012/13 (5.º lugar) e 2013/14 (4.º lugar), sendo deveras conhecido o interesse do Sporting, clube, onde, admita-se, Evandro encaixaria que nem uma luva na posição de médio mais adiantado no terreno, fosse em 2013/14 (onde deveria ter sido contratado ao invés de Gerson Magrão) ou 2014/15 (onde voltaria a merecer o investimento, ao invés do dinheiro gasto em jogadores como André Geraldes, só para dar um exemplo).
Certo é que Evandro está muito longe de ter o impacto no FC Porto que teve no Estoril, sendo que o brasileiro de 28 anos apenas soma 247 minutos de utilização divididos por oito jogos (dois como titular), algo que contrasta em absoluto com a utilização regular no emblema canarinho, onde somou, em duas épocas, 73 jogos e 16 golos.
Situação é uma constante em tempos recentes
Inegável, também, é que o caso de Evandro é apenas mais um exemplo de algo que tem saltado à vista nas últimas temporadas e que passa pela dificuldade dos jogadores recrutados na Liga Portuguesa se imporem quando dão o salto para o FC Porto. Afinal, o “keeper” Ricardo, outro reforço para esta temporada, ainda nem sequer se estreou em jogos oficiais e o regresso aos trabalhos de Helton deverá transformá-lo mesmo no 4.º guarda-redes da hierarquia, o que deve valer-lhe a saída já em Janeiro.
Depois, se recuarmos à temporada passada, chegamos à curiosa constatação que quase nenhum dos jogadores então contratados pelo FC Porto na Liga se mantêm na equipa azul-e-branca. De facto, Josué (contratado ao Paços de Ferreira) foi emprestado ao Bursaspor; Licá (contratado ao Estoril) foi emprestado ao Rayo Vallecano; Ghilas (contratado ao Moreirense) foi emprestado ao Córdoba; e Carlos Eduardo (contratado ao Estoril), foi emprestado ao Nice.
Desse leque, aliás, restam dois jogadores: Ricardo e Tiago Rodrigues, mas a verdade é que a dupla contratada ao V. Guimarães está longe de ter grande destaque no FC Porto, com o lateral/extremo a continuar muito longe das principais escolhas de Lopetegui e o médio-centro a penar no FC Porto B.
Pressão é maior sobre os portugueses
Mas o que é que justifica este eclipse de muito jogadores que, noutros clubes portugueses, eram vistos como verdadeiras mais-valias e com condições para se imporem nos “três grandes”? Existem vários motivos que podem ajudar a compreender este fenómeno, sendo que o primeiro começa logo nos próprios adeptos, que têm maior facilidade em ter tolerância zero em jogadores que já conhecem (principalmente se forem portugueses), colocando em cima deles uma pressão excessiva sobre os seus ombros, isto enquanto, por exemplo, muitos craques consagrados também estiveram abaixo das suas capacidades em 2013/14, mas foram bem mais “protegidos”.
Depois, e mesmo que eu não queira acreditar que o FC Porto os contratou apenas por esse motivo, parece que também é estratégica a contratação de alguns futebolistas na Liga Portuguesa que a SAD azul-e-branca acredita que possam se assumir como mais-valias nos rivais, sendo sintomático que a grande maioria dos futebolistas contratados entre o Verão de 2013 e 2014 estiveram apontados ao Sporting, como são os casos de Josué, Licá, Ghilas, Evandro ou Carlos Eduardo.
Por fim, e devido à vontade de recuperar imediatamente o título nacional, o FC Porto fez um forte investimento financeiro na actual temporada, algo que permitiu aos azuis-e-brancos recrutar inúmeros jogadores de renome no estrangeiro. É certo que alguns, como Adrián López, estão muito longe de estarem a justificar a forte aposta do FC Porto no seu concurso, mas, nas horas das decisões, será sempre mais fácil dispensar/emprestar um “Licá”, que custou um milhão de euros, do que um internacional espanhol pelo qual os azuis-e-brancos investiram 11 milhões de euros por 60% do passe. A corda, afinal, quebra sempre pelo lado mais frágil.
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