Depois de ter sido muitas vezes injustiçado ao longo das pretéritas temporadas, Jardel vive agora momentos bem felizes no Estádio da Luz, sendo inegável que efectuou uma época bastante positiva no eixo defensivo encarnado, isto ao lado do capitão Luisão.
Inquestionável, ao mesmo tempo, é que nem esta temporada de Jardel foi tão boa como muitos especialistas e adeptos tentam “vender”, nem as anteriores foram tão caóticas como se defendia. O defesa-central brasileiro, afinal, continua com as mesmas qualidades e deficiências, tendo apenas evoluído e atingido uma maior fiabilidade nas suas exibições devido à maior regularidade com que foi utilizado, assim como ao importante facto de jogar ao lado daquele que é, de longe, o melhor jogador da Liga na sua posição.
Lembre-se que Luisão, ainda que esses tempos pareçam agora demasiado distantes, também não teve um início fácil no Benfica, demorando algum tempo até merecer o respeito e admiração que agora será mais ao menos unânime. Aliás, quem não se lembra dos pesadelos que o “Girafa” tinha sempre que defrontava o sportinguista Liedson?
Com o tempo, contudo, o internacional brasileiro foi ganhando melhor consciência dos seus defeitos e virtudes, minimizando os primeiros e maximizando os outros, algo que foi naturalmente fundamental para que se tornasse num defesa-central de elite.
Jardel, por outro lado, beneficiou esta época dessa experiência acumulada do Luisão e, tal como foi referi anteriormente, de finalmente ter sido uma aposta consistente. Não foi brilhante, tendo até algumas exibições fracas na Liga dos Campeões, mas, lá está, para a Liga Portuguesa serviu perfeitamente. Foi fiável e competente.
O problema, contudo, é que as análises em Portugal têm esse problema de não conseguirem ficar pelos meios-termos, parecendo que Jardel passou do 8 ao 80.
Aliás, no outro lado da segunda circular, ocorreu um cenário mais ao menos semelhante com Maurício, ainda que no sentido inverso, com o brasileiro a ser muito elogiado enquanto fez uma parceria com o bem mais experiente e dotado Marcos Rojo em 2013/14 e a passar a merecer inúmeras críticas quando passou a jogar preferencialmente ao lado de Naby Sarr, que, obviamente, não tinha a experiência, confiança e talento do argentino.
Na verdade, ao serviço da Lazio, onde fez 18 jogos oficiais, Maurício não conheceu nova evolução, apenas beneficiou de toda uma outra estabilidade táctica, em virtude de um esquema de jogo menos exigente para os defesas-centrais, assim como pelo facto de jogar ao lado do francês Ciani e, essencialmente, do holandês de Vrij.
Afinal, sem ter em conta factores como o esquema táctico utilizado, o jogador que actua ao seu lado, ou a regularidade com que o futebolista é aposta, é complicado analisar um qualquer defesa-central, podendo tudo redundar nos tais extremismos à portuguesa e na incapacidade de compreender que a progressão (ou regressão) de um qualquer atleta poderá não ser tão acentuada ou marcante como nos querem tentar impingir.