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A célebre mão de Vata

O Benfica havia perdido, em Marselha, por 2-1 na primeira mão da meia final da Taça dos Campeões (89/90) e, assim, tudo estava em aberto para a segunda mão a disputar em Lisboa. Num Estádio da Luz com 120000 espectadores, com aqueles ambientes que, dizia-se, faziam qualquer adversário encolher-se, o Benfica, ainda assim, via o tempo passar sem surgir o golo que lhes garantiria o apuramento para a final de Viena. Do outro lado, a equipa gaulesa havia chegado pleno de confiança, com o seu presidente Bernard Tapie a afirmar que, caso fosse eliminado, até lhe podiam chamar “Bernardette”. Pois bem, tudo correu bem a Tapie até ao minuto 83, quando, após um canto de Valdo, Vata, no centro da área e na ânsia de marcar o golo, meteu à bola o que estava mais à mão e, com a mão direita, fez o 1-0. Esse tento, além de colocar os encarnados na final europeia, eternizou-o como uma das figuras mais míticas de sempre do Sport Lisboa e Benfica. 

Vata iniciou a sua carreira no Progresso Sambizanga em 1980, quando tinha apenas 19 anos, permanecendo no clube angolano por três temporadas, destacando-se o suficiente para, em 1983, assinar contracto com o Recreio de Águeda, recém-promovido à primeira divisão portuguesa. 

Na estreia na primeira divisão, o internacional angolano jogou pouco e foi incapaz de evitar a descida do Águeda. Ainda assim, no final da época, os responsáveis do Varzim entenderam que o seu talento merecia permanecer na primeira divisão e, como tal, Vata foi adquirido pelo clube da Póvoa. 

No Varzim, Vata destacou-se durante quatro temporadas e tornou-se num dos jogadores mais importantes do clube poveiro. Essas exibições, chamaram a atenção do Benfica que o contratou para a época 88/89, convencido que o angolano podia ter um grande impacto na sua equipa. 

Três épocas durou a estadia de Vata no Benfica. Uma estadia que lhe rendeu 2 campeonatos portugueses, 1 final da Taça dos Campeões e um título de melhor marcador (logo na primeira época, com 16 golos), além de lhe ter garantido o estatuto de lenda após o célebre golo, marcado com a mão, que valeu ao Benfica a presença na final da Taça dos Campeões de 1990. 

Trabalhador, raçudo e com algum faro de golo, Vata não era um portento de técnica, mas era um daqueles avançados que, mesmo quando se atrapalhava, era complicado de marcar. Um jogador útil e que provava que, muitas vezes, não é preciso ser-se um génio da bola para se ser importante, mesmo num clube de topo. 

Após sair do Benfica, Vata passou, sem sucesso, por E. Amadora e Torreense, seguindo depois para Malta, onde teve relativo sucesso nos poucos meses que passou no Floriana. 

De Malta seguiu para a Indonésia, onde voltou a encontrar-se com o sucesso e, mesmo numa idade avançada, (jogou até aos 38 anos) fez imensos golos pelo Gelora Dewata, onde até foi o melhor marcador do campeonato indonésio em 1995/96. 

Após retirar-se em 1999, Vata treinou várias equipas da Indonésia e, neste momento, tem um projecto nesse mesmo país chamado: Bali Beach Soccer (um projecto de futebol de praia na Ilha de Bali), tendo outro na Austrália, onde treina jogadores das camadas jovens. 

Ainda hoje, o internacional angolano continua na dúvida se marcou ou não com a mão… “Eu digo que não marquei com a mão, mas o lance foi tão rápido, estava tanto vento, que é melhor ficar o ponto de interrogação.” Revejam esse mítico lance no vídeo abaixo e tirem todas as dúvidas. 

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