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Paulinho Cascavel era um goleador

Na temporada de 1986/87, o Vitória de Guimarães escreveu uma das páginas mais bonitas da sua história ao efectuar a sua melhor participação de sempre na Taça UEFA. O grande Vitória da altura, treinado por Marinho Peres e com jogadores como Jesus, N’ Dinga, Ademir e Paulinho Cascavel eliminou Sparta Praga, Atlético de Madrid e FC Groningen, num percurso genial que apenas foi parado nos quartos de final pelos frios germânicos do Borussia Mönchengladbach. Apesar de não terem chegado à final, curiosamente ganha pelo IFK Gotemburgo da Suécia, os vimaranenses vão recordar, para sempre, esta magnífica campanha europeia.

1ª Eliminatória: Sparta Praga 1-1 V. Guimarães/V. Guimarães 2-1 Sparta Praga

O Vitória de Guimarães não teve propriamente sorte no sorteio da primeira eliminatória da Taça UEFA, saindo-lhe em sorte o sempre complicado Sparta Praga, da extinta Checoslováquia.  Depois de uma igualdade na primeira eliminatória, em Praga (1-1), a equipa de Guimarães, na segunda mão, viu-se mesmo a perder (0-1), até aparecer o génio de Paulinho Cascavel que, com dois golos, deu a volta ao marcador, garantindo o triunfo (2-1) e consequente apuramento para a segunda eliminatória da Taça UEFA.

2ª Eliminatória: V. Guimarães 2-0 Atl. Madrid/Atl. Madrid 1-0 V. Guimarães

Na segunda ronda da competição, a sorte foi ainda mais madrasta para os vimaranenses que, nessa ocasião, tiveram de discutir o apuramento com o poderoso Atlético de Madrid. Na primeira mão, a jogar em casa, o Guimarães não fez um grande jogo, mas beneficiou de golos de Paulinho Cascavel e Roldão para vencer por 2-0. Depois,  no Vicente Calderón, o Vitória sofreu bastante, tendo, inclusivamente, visto Jesus defender um penalti da equipa espanhola. Todavia, a equipa portuguesa soube resistir e acabou por perder apenas pela margem mínima (0-1), garantindo, assim, a passagem à terceira eliminatória.

3ª Eliminatória: FC Groningen 1-0 V. Guimarães/V. Guimarães 3-0 FC Groningen

O terceiro obstáculo para a equipa minhota foi a equipa holandesa do FC Groningen, um conjunto que, apesar de ter bastante qualidade, parecia estar ao alcance do Guimarães. Na primeira mão, na Holanda, o Vitória perdeu (1-0) num encontro em que se confirmou a ideia de que o FC Groningen era perfeitamente ultrapassável. De facto, na segunda mão, o Vitória não só se apurou para os quartos de final como o fez com imenso estilo, derrotando a equipa holandesa por 3-0, graças a golos de Nascimento, N’ Dinga e do inevitável Paulinho Cascavel.

Quartos de final: B. M’gladbach 3-0 V. Guimarães/V. Guimarães 2-2 B. M’gladbach

Previam-se grandes dificuldades para o Vitória para este duelo com os alemães do Borussia Mönchengladbach e, na verdade, assim foi, pois a equipa germânica acabou por resultar no fim do percurso minhoto na competição. A primeira mão, na Alemanha, que o Vitória perdeu, copiosamente, por 3-0, acabou por ser decisiva, pois tirou praticamente todas as hipóteses da equipa portuguesa recuperar no segundo duelo. De facto, nessa segunda mão, o V. Guimarães não foi além de um empate a duas bolas, acabando eliminado da prova europeia e terminando, assim, uma prestação que entrou para a história da equipa minhota.

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No dia 16 de Julho de 1950, o Brasil, segundo o antropólogo Roberto da Matta, viveu “a maior tragédia da sua história contemporânea”. Num desafio diante do Uruguai, em que lhe bastava um empate para se sagrar campeão mundial, o Brasil perdeu (1-2), em pleno Maracanã, e deixou um país inteiro a chorar. O Uruguai vencia, assim, o primeiro campeonato do mundo do pós 2ª Guerra Mundial, um campeonato no rescaldo de um planeta em ruínas e que podia ter assistido à primeira participação de Portugal, convidado para suprimir as muitas desistências existentes. No entanto, os portugueses, em pleno Estado Novo, alegaram dificuldades logísticas e, acima de tudo, a incapacidade de aceitarem participar em algo, para o qual não tinham garantido, no campo, legitimidade para o fazer.

Primeira Fase

Neste campeonato do mundo disputado no Brasil, voltou-se a um modelo com fase de grupos. A ideia era dividir 16 selecções em quatro grupos de quatro, todavia, a desistência de Índia, Escócia e Turquia, deixou o Mundial com apenas 13 participantes. Curiosa foi a desistência dos indianos, que abandonaram a prova após a FIFA recusar o seu pedido para jogarem descalços.

Curiosamente, o organismo que tutela o futebol mundial, em vez de minimizar as coisas, deixou tudo como estava, limitando-se a suprimir as selecções desistentes. Assim sendo, os grupos A e B contaram com quatro selecções, o C com três e o D ficou com apenas duas selecções.

No Grupo A, o Brasil defrontou Jugoslávia, Suíça e México e confirmou o favoritismo vencendo o agrupamento. Um empate com a Suíça (2-2) não manchou o excelente percurso demonstrado nas vitórias diante do México (4-0) e Jugoslávia (2-0).

Por outro lado, no Grupo B, a Espanha demonstrou superioridade, vencendo Estados Unidos (3-1), Chile (2-0) e Inglaterra (1-0) e apurando-se para a fase seguinte. Neste agrupamento, temos de destacar a escandalosa derrota dos ingleses com os americanos por uma bola a zero. Esse resultado pareceu tão inacreditável que alguns meios de comunicação ingleses, quando o receberam, pensavam que era engano e publicaram que a Inglaterra havia vencido por… 10-1!

Grupo C, que era para ter a participação indiana, ficou reduzido a três selecções: Suécia, Itália e Paraguai com o favoritismo a ir todo para a squadra azzurra. No entanto, a Suécia surpreendeu a Itália e venceu por 3-2. Esse resultado, aliado a um empate diante dos sul-americanos (2-2), garantiu o apuramento escandinavo para o grupo final.

Por fim, tivemos o curioso Grupo D, que de grupo tinha muito pouco. Com as desistências de Escócia e Turquia, o agrupamento ficou reduzido a Bolívia e Uruguai e, no único jogo realizado, a equipa azul celeste venceu os bolivianos por oito bolas a zero, qualificando-se para a fase final.

Grupo Final

Ao contrário das edições anteriores que contaram com meias finais e final, este Mundial colocou as quatro equipas num grupo final em que iriam jogar todos contra todos.

Nos primeiros dois jogos, Brasil e Uruguai defrontaram a Suécia e a Espanha, mas tiveram resultados bem diferentes. Os canarinhos “esmagaram” a Suécia por sete bolas a uma e a Espanha por seis bolas a uma, enquanto os uruguaios empataram com a Espanha (2-2) e venceram, a Suécia, à tangente (3-2).

Assim sendo, depois da Suécia ter vencido a Espanha por 3-1 e conquistado o terceiro lugar, brasileiros e uruguaios defrontaram-se para a conquista do título mundial.

Jogo Decisivo* Brasil 1-2 Uruguai

Com um ponto de vantagem, os brasileiros sabiam que lhes bastava um empate para conquistarem, em casa, o campeonato do mundo. Depois, como tinham goleado Espanha e Suécia, os brasileiros estavam em delírio e não colocavam sequer em causa a possibilidade de perderem o jogo decisivo.

A confiança era tal que, no dia da final, o jornal brasileiro “O Mundo” tinha uma foto da selecção brasileira com as seguintes palavras: “Estes são os novos campeões do Mundo.” Estas situações foram enervando os uruguaios e o seu capitão Obdulio Varela, quando viu essa capa, atirou-a ao chão, urinou-lhe para cima e atirou, de forma profética: “Eu nunca perdi uma final antes de jogar.”

Mal começou o jogo, percebeu-se que o Brasil tinha muito melhor equipa que o Uruguai e lançou-se rapidamente ao ataque. No entanto, o golo brasileiro só chegou ao minuto 46, por intermédio de Friaça.

Esse golo lançou o Maracanã em delírio e os jornalistas presentes no evento começaram a fazer manchetes com a virtual vitória brasileira. Doze minutos depois, Schiaffino empatou a partida, mas nem esse golo adormeceu a festa canarinha.

Contudo, aos 79 minutos, surgiu o que ninguém imaginou possível. Ghiggia, descaído para o flanco direito, atirou cruzado e Barbosa acabou batido pela segunda vez. O Uruguai vencia (2-1) e as duzentas mil pessoas presentes no Maracanã ficaram em completo silêncio.

Abalados pelo segundo golo azul celeste, os brasileiros foram incapazes de reagir e acabaram por perder o Mundial diante de uma selecção francamente inferior, mas que nunca deixou de acreditar em si própria. O povo brasileiro ficou, assim, mergulhado numa depressão profunda, que só seria aliviada, em 1958, com a conquista do título mundial.

Acabava, assim, o Mundial em que, segundo Jules Rimet: “Tudo esteve previsto menos a vitória do Uruguai…” 

Números do Mundial 1950

Campeão: Uruguai

Vice-Campeão: Brasil

Terceiro classificado: Suécia

Quarto Classificado: Espanha

Eliminados na fase de grupos: Jugoslávia, Suíça, México, Inglaterra, Chile, Estados Unidos, Itália, Paraguai e Bolívia

Melhor Marcador: Ademir (Brasil) – 8 golos

Equipa do Mundial 1950: Ramallets (Espanha); Bauer (Brasil), Andrade (Uruguai) e M. González (Uruguai); Zizinho (Brasil), Varela (Uruguai), Tejera (Uruguai) e Skoglund (Suécia); Ghiggia (Uruguai), Jair (Brasil) e Ademir (Brasil)

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